Fui ao sertão e relembrei o Amor que nunca deveria ter esquecido
Por Ana Cláudia Nunes
Dias quentes, o chapéu, a Bíblia: o sertão, a cultura e o evangelho transformador de Cristo. Creio que não há música melhor para expressar como foi o PES (Programa de Evangelização do Sertão) 2014 do que esta:
Dia quente de sol
(Ministério Sal da Terra)
Dia quente de sol, no calor do verão,
Eu vou de chapéu de couro, com minha Bíblia na mão.
Eu vou cumprir a missão, que Deus tem me ordenado…
Eu vou pregar ao Sertão…
Eu vou levar a viola, fazer a minha oração,
Pedir que Deus me acompanhe com sua proteção.
Eu vou cumprir a missão, que Deus tem me ordenado…
Eu vou pregar ao Sertão…
Eu vou falar de Jesus, da sua redenção,
Eu vou mostrar sua cruz e a sua ressurreição
Eu vou cumprir a missão, que Deus tem me ordenado…
Eu vou pregar ao Sertão…
Eu vou… Eu, eu mesmo vou…
Eu vou pregar ao Sertão…
O PES é uma programação que acontece especialmente no período das férias, uma viagem missionária que tem como foco servir, amar e evangelizar o sertão do Nordeste, unindo pessoas de todo o Brasil que tem esta mesma vontade.
No veículo que leva as nossas cargas, puxado pelo “expresso sertão”, um adesivo anuncia: “não é só litoral!” E não é que é verdade? Laércio, que foi me buscar no aeroporto me informou que o Nordeste é composto de litoral, região metropolitana, mata, agreste e também o sertão. Infelizmente a maior parte das vezes o que nos interessa no Nordeste não é nada além das maravilhosas praias que o litoral tem a oferecer. Mas não é só isso. Tem uma nação sertaneja com sua cultura bonita, com seu sotaque gostoso, com sua música dançante, com suas cabras, com a palma, com a terra rachada, com as cidadezinhas das casas coloridas, os carros pipas, os baldes, o poço, a seca. Com suas necessidades, a falta de assistência, o esquecimento, a simplicidade. No lugar onde estivemos muitos não sabem ler, tem pouca assistência de saúde, e pouquíssimos cristãos “nascidos de novo”.
Há quem diga que essas viagens missionárias não fazem muita diferença na vida da comunidade. Essas pessoas não viram os rostinhos dos sertanejos de Iatecá, Serrinha da Prata, Gigante (PE) e Santa Cecília (PB), rostos de quem se sentiu amado, cuidado, lembrado, assistido. Não viram a expressão da dona Rosinha, que me abraçava forte e me chamava de “santa”, repetindo que estava muito feliz por estarmos lá. O sorriso de alívio de Selma (nome fictício), que estava pensando em se matar e naquele dia na fila para o atendimento odontológico se abriu comigo, oramos juntas e ela decidiu viver uma vida diferente. Esta me chamou de “anjo”. Mas, sobretudo, tenho certeza que essas viagens missionárias mudam mais quem vai do que quem está lá. Nos faz repensar sobre aquela Verdade: tão grande e tão libertadora, mas que infelizmente guardamos só para nós, seja por vergonha, por egoísmo ou por achar que não conseguimos.
Conhecer a realidade de outras pessoas em situação tão diferente da sua, nos faz, no mínimo, refletir, e aprender a sermos gratos. Ter chuveiro, descarga, saber ler, ter água potável, ter luz, ter acesso à saúde: que bênção maravilhosa! Viver dias com pequenas privações (sobretudo, com relação à água) me fez lembrar o que eu nunca deveria ter esquecido: ser grata é um princípio da fé cristã. Contudo, se existia privação por um lado, por outro existia muita abundância! De musicalidade, de presteza, de generosidade. De confiança de quem abre a sua casa para quem nunca viu e oferece uma água ou um café, enquanto falamos do amor de Deus.
Aquele amor: tão falado nos púlpitos, nos estudos, nas praças, e às vezes tão esquecido por nós no dia a dia. Eu mesma fui para lá como uma necessidade tão grande de me sentir amada. Mas ali, de casa em casa, ou de pessoa em pessoa, compartilhando o plano de salvação, falando de João 3.16, contando sobre a graça (a graça tão desconhecida por aqueles que ainda acham que a morada no céus é comprada com suas boas obras), relembrei do Amor que eu nunca deveria ter me esquecido.
No livro de Oséias, Deus utiliza o casamento do profeta para se referir ao seu relacionamento com Israel, e diz: “Portanto, agora vou atraí-la; vou levá-la para o deserto e vou falar-lhe com carinho.” (Os 2.14). Às vezes, é assim que Deus faz, demonstra seu amor e fala com carinho, mesmo estando em pleno deserto, em pleno sertão.
Projeto No Deserto
(Voz da Verdade)
Um povo em pleno deserto a nuvem estava por perto
Não tinha fome nem sede, pois Deus estava com ele
Um povo em pleno deserto e não havia doentes
Maná que vinha do céu matava a fome daquela gente
As pernas nunca inchavam, as roupas nunca envelheciam
Sapatos não terminavam pelo caminho que seguiam
Que Deus é este que está por perto
Que fez o seu projeto no deserto
Nota:
O Programa de Evangelização do Sertão (PES) é realizado pelo Ministério Sal da Terra e parceiros em missões. O Sal da Terra possui um ministério amplo de missão integral que consiste em levar o evangelho ao sertão, resgatar a cultura nordestina, plantar igrejas, apoiar trabalhos e servir com a área da saúde. Conheça mais: www.bandasaldaterra.com.br
Mais: conheça uma música, ouça um “causo” e veja algumas fotos da viagem missionária (abaixo).
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• Ana Cláudia Nunes, 25 anos, publicitária. Trabalha no Departamento de Comunicação e Marketing da Editora Ultimato e integra o Conselho Editorial Jovem (CEJ).
Mariana Reis Furst
Belo texto! Que o Evangelho sempre nos mova.
Billcrente
Louvo a Deus pela sua vida e por tudo que ELE fez em você,por você e através de Você no sertão nordestino.
Jenny
Muito Top !
Claudiomar Costa
Muito legal Ana! Realmente tal experiência é de uma comunhão tão informal e simples, como o próprio Cristo, que mesmo em ‘momentos a Tomé’, é impossível não tocá-lo e recebê-lo.