ultjovem_26_12_13_calendarioEstudar pra valer este ano. Investir em uma nova amizade. Arriscar puxar papo com ela (ou ele). Crescer em generosidade, ou paciência, ou sabedoria. Cada fim e início de ano trazem festas, férias e pensamentos elevados, momentos que nos tiram da rotina e alçam as nossas mentes para o panorama maior de nossa vida. Quem eu quero ser? Como posso melhorar este ano?

É uma época que me lembra das glórias e tolices da esperança. O Ano-Novo é um momento de olhar para frente, de imaginar o futuro sob um novo ângulo, de nos comprometermos com uma visão maior para a vida. É também um momento de cansaço e cinismo, pelo menos para aqueles de nós que fizemos resoluções de Ano-Novo no passado e depois nos esquecemos delas ou falhamos.

As estatísticas confirmam que 97% das resoluções de Ano-Novo nunca são cumpridas. Eu mesmo já fiz resoluções sérias e motivadas em anos passados, das quais eu não me lembrava já no final de janeiro. Meus planos grandiosos e conquistas esperadas se tornaram distantes nas trincheiras da vida cotidiana.

Para que me importar então? Se o presente me domina e eu sou tão instável, vale a pena refletir e me comprometer com objetivos para o ano? Como brinca Oscar Wilde, “A resolução de Ano-Novo é algo que chega em um ano e sai no outro”. Mark Twain, outro que não perdia uma oportunidade para dar uma cutucada, acrescenta: “O Ano-Novo é uma instituição anual inofensiva, de nenhuma utilidade especial a não ser como desculpa para bêbados desenfreados, abraços bem-intencionados e resoluções bobas”.

Porém, existe apenas uma coisa que me mantém fiel e que vai me levar para o caderninho com algo para 2013: eu conheço alguém que vai cumprir as suas resoluções este ano. Todas. Sem falhar. Bem no alvo. Bem na hora. E eu sei disso porque ele não falhou por muito tempo. Ele estava lá quando eu precisei abrir o coração e receber esperança. Ele estava lá para ouvir a minha confissão de pecado. Ele também estava lá com o bolo pronto e as velas acesas quando um amigo se abriu para a graça pela primeira vez. Ele cumpriu as suas resoluções desde janeiro passado e desde o início dos tempos, e tenho certeza de que, em 2013, ele vai cumprir tudo de novo.

Mesmo que eu esqueça os meus planos e seja tentado a não encanar, as resoluções de Deus me dão esperança. Eu vou esquecer, me atrapalhar, me perder e me desesperar este ano, e as boas expectativas de janeiro não vão me sustentar até o fim.

Mas Deus será fiel no 4 de abril, se manterá assim no 29 de agosto e também nas altas horas do 2 de dezembro, e, se eu me mantiver conectado a essa fidelidade constante, talvez este ano seja melhor que o ano passado. Talvez as minhas resoluções façam diferença. Talvez eu me torne um pouco mais gentil, um pouco mais santo, um pouco mais alegre. Talvez eu possa ser erguido justo no momento do desespero, quando levantar os olhos e vir Deus marchando avante com o vigor do otimismo de janeiro. Talvez, quando eu me lembrar de Deus, serei revigorado como em uma festa de Ano-Novo, cheia de risadas, amigos e contagens regressivas, pois Deus será sempre fresco, jovem e esperançoso, e terei uma chance de recomeçar, mais uma vez, mesmo no meio do ano.

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• René Breuel é pastor de uma igreja em Roma, Itália, editor do fórum wonderingfair.com e autor de “O Paradoxo da Felicidade”.

*Nota
Texto publicado originalmente na seção “Altos Papos” da revista Ultimato 340 (janeiro-fevereiro/2013). Para ler a edição completa, clique aqui.

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