Por Alan Corrêa

 

UltJovem_20_11_13_RaiosNo início de 2013 um médico orientou-me a fazer algo que não exigisse nada de mim, ou seja, fazer algo que enquanto estivesse fazendo (esse algo), fosse como não o estivesse fazendo.

Aí foi quando pensei em ver estrelas. Pra me ajudar, meu sogro em uma das últimas idas ao EUA me trouxe de presente um binóculo – este binóculo ficou guardado um bom tempo.

Em São Paulo quando a poluição não rouba as estrelas do céu, rouba nosso direito de vê-las.

Mas em Setembro tive a oportunidade de ir para o interior de São Paulo, e lá sim o céu é completo, tem nuvens, lua e – acredite se quiser – tem até estrelas. Nesse dia eu tirei da caixa meu binóculo e fiquei ali com meu filho por algum tempo fazendo alguma coisa que não me exigia nada, olhando estrelas, identificando constelação e procurando nebulosas.

No dia seguinte, quando o sol já tinha tirado das estrelas a permissão delas se apresentarem, fiquei pensando; quantas daquelas estrelas que eu tinha visto na verdade já não existiam mais, afinal muitas estrelas se apagam, porém continuam brilhando (sua luz ainda está chegando até nós), é como o fenômeno conhecido por “supernovas”.

Conclui que como luz do mundo, eu também quero ser assim. Quando eu apagar, quero continuar brilhando, quero que o que eu fiz continue influenciando alguém. Não quero um monumento, nada disso, quero deixar um legado, não vou me contentar em saber que deixei apenas saudades.

Moisés, o príncipe do Egito, viveu mais de mil anos antes de Cristo e mesmo depois de tanto tempo que havia se apagado (morrido ou não) na terra, ainda brilhava de alguma forma. Ele foi a pessoa do Antigo Testamento mais citada do Novo Testamento, por Jesus, por Lucas, por Paulo, pelo escritor de Hebreus e o apóstolo João todos fizeram menção de Moisés de alguma forma.

Certa vez li o teólogo Franklin Ferreira dizer que a teologia de Agostinho, mesmo depois de sua morte, exerceu grande influência sobre a igreja, quase oitocentos anos depois; a de Tomás de Aquino por cerca de quinhentos anos; e a de João Calvino por trezentos anos.

São estrelas que paradoxalmente, brilharam e continuam brilhando mesmo depois de apagadas. Por que não eu?

 

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Alan César Corrêa, 31 anos, casado, pai de um menino, é pós-graduando em Religião e Cultura.

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