Às vezes a gente se cansa
A gente se cansa de saber verdades, de ver que tudo é vaidade. A gente se cansa de tocar chavões, de cantar repetições, de andar no meio da multidão e perceber que é um estranho a tudo que se chama normalidade.
A gente se cansa de ser estranho, de pensar a fé, de andar com os próprios pés, de ver com os próprios olhos. A gente se cansa de não ser guiado por qualquer modinha… A gente se cansa de andar por este caminho, estreito, árduo, difícil, embora sejamos livres! Mas a liberdade também cansa. Ela cansa porque nos liberta da omissão – ser livre requer trabalho, mão no arado, requer produção, caso contrário, a inércia é prisão.
Cansa-me ver as igrejas inchando, o sincretismo se multiplicando, o reino se dividindo, as pessoas “glorificando”, dando brados de vitória e entendendo que estamos progredindo, mas não. Chegamos ao caos da banalização da fé. Por isso me cansa se opor a tudo isso.
Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águia; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão” [Is 40.31].
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Antognoni Misael é professor de música (UFPB) , historiador (UEPB), membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (Guarabira-PB) e escreve no blog “arte de chocar“. Texto originalmente publicado no blog do autor. Direitos reservados. Reprodução autorizada.