O mendigo Lázaro e a missão integral
Por Alan César
Em Lucas 16:19 nós temos a famosa parábola do rico e do mendigo chamado Lázaro. Um é o extremo oposto do outro. Enquanto o homem rico é coberto de púrpuras, o mendigo Lázaro é coberto de úlceras (feridas abertas). No final do episódio dessa parábola, o rico vai para um lugar de tormento, porém o mendigo vai para o seio de Abraão.
Isso nos faz pensar que o mendigo era salvo, e mesmo salvo permaneceu mendigo, lembrando que mendigo aqui não é sinônimo de pobreza, antes de miséria absoluta. Fazendo uma aplicação alegórica desse texto, temos algo que se repete em nossa realidade: existem muitas pessoas que receberam o evangelho e permaneceram mendigando “o pão que só foi nosso cada dia”.
Que tipo de evangelho é pregado para os “Lázaros” de nossos dias?
Qual o perfil desse evangelista ou dessa igreja que levou o evangelho para Lázaro?
A igreja que pregou o evangelho para Lázaro é uma igreja que enxerga só a alma do homem. Assim como tem vampiro que só quer o sangue, existem igrejas que só querem a alma e nada mais.
A igreja em sua missão peca quando só enxerga a alma, peca mais ainda quando só enxerga o corpo, mas é louvada quando enxerga o homem como um todo”.
Jesus nunca enxergou almas. Ele sempre enxergava vidas. Era por isso que quando via alguém sofrendo no corpo sentia íntima compaixão, doía as suas entranhas pelo sofrimento do próximo, segundo os evangelhos.
Muitas de nossas missões têm sido alcançar apenas número de almas salvas. A igreja não se envolve nas questões sociais e, pior, quando se envolve é pela salvação da alma apenas.
Hoje em dia é assim: determinada igreja monta uma sala de aula na comunidade para alfabetização. No final de um ano, cerca de quatro a dez alunos recebem a Jesus, e então consideram a missão cumprida, mesmo com outros dez não tendo aprendido a sequer escrever seu nome. Essa é uma igreja que enxerga almas. Ela faz missões, mas a faz de forma incompleta.
Tem Igreja que entrega cesta básica só se o necessitado assistir ao culto antes. Isso não é estratégia de evangelismo. Isso é proselitismo. A visão de ajudar o próximo querendo em troca a salvação da alma se parece mais com o islamismo do que com o cristianismo.
Nós não temos que distribuir cestas básicas pra ganhar almas, nós temos que distribuir cestas básicas porque as pessoas estão passando fome e nós amamos o nosso semelhante e queremos ver o reino de Deus entre eles. A ação social na igreja não deve ser uma cooperação para a eficácia do evangelismo na comunidade, mas deve ser um ato de amor com os menos favorecidos seja ele qual for.
Para ganhar almas não precisamos contar com a ajuda de ação social. Nós já temos a ajuda do Espírito Santo que convence o homem do pecado e do juízo.
Lázaro recebeu um evangelho que lhe deu uma nova vida no céu, mas que não lhe deu uma nova vida abundante aqui na Terra. Ele permaneceu mendigo. O missionário que pregou o evangelho para Lázaro era portador de uma pregação limitada, pregou aos seus ouvidos, mas não pregou aos seus olhos.
Que possamos abortar esse evangelho que tem como alvo só a alma, e pensar no homem como um todo. Aqueles que não querem Jesus também merecem nossa compaixão e nossa ação social. Lembremos sempre que Jesus distribuiu pão a uma multidão dos quais muitos disseram mais tarde: crucifica!
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Alan César Corrêa, 31 anos, cursando 4° ano de bacharel em teologia
Luis
O perigo de distribuição de cestas, é que muitas vezes vicia algumas pessoas que querem o tempo todo viver nessa dependencia; já basta a “bolsa familia”. Penso que devemos realizar com equilibrio esse ministerio em nossas igrejas. Jesus deu este exemplo não alimentando a multidão que o procurou de novo para comer.
jose jorge
Luis, vc acertou em cheio em seu comentário; e o que parece novidade ou revolucionário pode mostrar mais de nós mesmos do que do Cristo a quem nos propomos servir; Paz!
Eduardo
Concordo com o Luis, e vou mais longe. No Nordeste (mineiro, moro aqui cerca de 11 anos), os ‘bolsas’, todos eles, especialmente o ‘família’ é o maior cabo eleitoral do PeTismo.
E com uma agravante para as igrejas, anda fazendo o evangelho integral naquela parte da assistência alimentar, um mal danado: nivela por baixo o dar o pão para ensinar a pescar quando o pão (dado pelo ‘bolsa’) ensina a pescar sentado sem sair de casa. E assistindo TV.
Ivo Coelho
Eduardo, mas é exatamente aí que mora o grande perigo da Missão Integral. Essa busca obcecada pela “salvação do corpo” – que eles tentam elevar ao mesmo status da salvação da alma – justifica um paternalismo próprio de uma política fundada em ideais Marxistas.
Interessante é que o texto bíblico referido acima evidencia exatamente o oposto do que o autor do artigo quer fazer crer. Lázaro, mesmo tendo levado uma vída de miséria alcançou a recompensa eterna, o que mostra que salvação da alma não está necessariamente vinculada à satisfação das necessidades físicas.
E por favor, não entendam com isso que sou contrário ao engajamento do cristão em causas só sociais. Só sou contrário à tentativa de trazer para Igreja ferramentas políticas tão malignas quanto as do Marxismo.
MIRIAN MARTINS BACOVIS
JESUS ensinou ide e pregai o evangelho a toda criatura, amar a Deus acima de todas as coisas e o seu próximo como a ti mesmo… Dar sem intenções, mas porque JESUS nos ensina a praticar a caridade, o amor, independente de interesses…