A capacidade de sonhar é um dos grandes mistérios do ser humano. O sonho mexe com a mente, com o corpo, com toda a estrutura do ser. Um sonho pode deixar uma pessoa totalmente dolorida no dia seguinte, como pode trazer uma sensação de satisfação e relaxamento impressionantes. Alguns dizem que os sonhos são uma “válvula de escape” da mente e do coração, pois no sonho tudo pode acontecer. Já ouvi dizer que “quem sonha não vive, só assiste”; ou que “quem vive não sonha, pois cai na dura realidade da vida”.

Eu já sou daqueles que afirmam que “quem não sonha, não vive”, e acredito que a relação entre esses dois verbos é fundamental para definir o rumo e o estilo de vida que cada um vai levar. Ao mesmo tempo em que os sonhos nos projetam para o futuro, nos desejos, buscas e anseios que fazem o nosso coração bater mais forte, as experiências vividas e acontecimentos da história “real” têm um grande potencial para determinar o tamanho dos sonhos que teremos coragem de expressar acordado.

A adolescência é uma fase de muitos sonhos, mas também de grande tensão, pois ao mesmo tempo em que os teens sonham em crescer, alcançar a autonomia e a independência para tomar as suas decisões e assumir a sua identidade, a realidade demonstra que eles também precisam tornar-se responsáveis por suas atitudes e comportamentos. O que dificulta ainda mais é que, hoje, a sociedade não os inspira a fazer esta relação entre liberdade e responsabilidade. A marca esportiva mais famosa do mundo tem um slogan: Just do it (Simplesmente faça). E assim, sem critérios para avaliação, planejamento e viabilidade, muitos sonhos que poderiam ser bem sucedidos tornam-se pesadelos e frustrações, às vezes um caminho sem volta (como o que tomam os que se envolvem com álcool, drogas e violência na juventude, por exemplo).

A Bíblia retrata a vida de alguns adolescentes que sonharam alto e marcaram sua geração. Gideão, o menor da menor família da menor tribo, sonhou e realizou uma grande obra depois de um encontro com Deus (Juízes 6); Samuel, fruto de um milagre e consagrado desde o ventre de sua mãe, sonhava com a voz de Deus e, bem orientado, passou a ouvi-la de forma bastante real. Tornou-se o maior juiz de Israel e o mentor do maior Rei que o povo de Deus já teve, Davi (I Samuel 1-2); José, rotulado como “sonhador” pelos seus irmãos, viveu anos duríssimos de escravidão, mas percebeu que o Senhor, dono da história, cumpre os sonhos que Ele mesmo dá (Gênesis 37-51); Abraão recebeu grande promessa e até pensou em realizar o sonho por Deus, mas recebeu Dele a certeza de que sua descendência não seria de um filho, mas de uma constelação incontável (Gênesis 15:1-6).

Além deles, poderia citar muitos outros homens e mulheres que viveram por seus sonhos. Batalharam, sofreram, venceram, perderam, viveram, sonharam! Em Hebreus, no capítulo 11, esses nomes são citados novamente e este texto nos mostra que o sonho deles valeu à pena porque tinha um elemento que fazia toda a diferença: FÉ! Sonho verdadeiro promove a fé! Sonhos bons nos levam a viver por algo maior que nós mesmos, maior que nosso próprio olhar; sonhos bons promovem a eternidade e nos transformam em homens dos quais o mundo não é digno (Hebreus 11:38).

Todos estes exemplos nos mostram que quando sonhamos com fé, não é a simples realização do sonho que mede a sua dignidade ou o seu valor, mas é a maneira como vivemos por este sonho, já que nosso alvo está na eternidade, e a vida eterna é esta: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (João 17:3).

Sonhe e viva!
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Rodolfo Gois é Diretor Pastoral do TeenStreet Brasil e pastor da IPIB

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