Você viu que a edição 332 da revista Ultimato abordou a questão do trabalho? Que tal ler mais uma reflexão sobre o assunto? A convidada da vez é Lorenna Reis, uma farmacêutica que teve de lutar contra a expectativa dos pais e amigos para definir sua carreira…

 

Quando eu era criança e alguém me perguntava o que eu seria quando crescesse, sempre respondia com muita firmeza e convicção: “vou ser médica!”. Não sei ao certo como foi que essa idéia surgiu em minha mente, mas sei que sendo criança, sempre me deixava influenciar por aquilo que meus pais e amigos falavam, e o que eu sempre ouvia é que ser médico é bonito, chique e que dá muito dinheiro! Então, como uma garota esperta, mais que rapidamente determinei que essa seria a minha profissão…

Os anos foram se passando e a criança se tornou uma adolescente que ainda sonhava em ser médica. Porém a certeza da infância foi sendo substituída por dúvidas e incertezas. Muitos questionamentos surgiram em minha mente: “por que eu sonho em ser médica? Eu realmente tenho vocação pra essa profissão? Tenho psicológico pra conviver de perto com mortes e doenças? Valeria à pena trabalhar com aquilo que não quero só pelo status social e dinheiro?”. Aos poucos fui percebendo que eu não tinha vocação pra exercer a Medicina. Eu sonhava me tornar médica apenas por influência das pessoas à minha volta e não estava disposta a conviver de maneira tão direta com o sofrimento das pessoas, com doenças e perdas, ainda que isso me trouxesse muito dinheiro.

No auge dos meus 17 anos deixei um pouco de lado as pressões que vinha sofrendo e, após pesquisar mais a fundo sobre diversas profissões, conclui que gostaria de ser farmacêutica e seguiria a carreira industrial, pois era aquilo que realmente tinha a ver comigo, que esta era a minha vocação! Além do mais, seria uma profissão que me permitiria atuar na área de Saúde de uma maneira indireta, como eu pretendia. Mas e agora: como enfrentar a pressão da família e dos amigos? Como seria capaz de frustrar as expectativas que eles tinham na minha carreira profissional? Esse foi um desafio que transpus tendo como base a minha determinação, os meus objetivos de vida e os valores que aprendi no meio cristão. Não gostaria de ser uma profissional frustrada, que escolheu sua carreira baseada em influências externas e em retornos financeiros.

Hoje, no auge dos meus 23 anos, sou uma profissional recém-formada, já empregada e trabalho em uma indústria farmacêutica renomada no mercado. Me sinto feliz em minha profissão e em nenhum momento me arrependi da minha escolha. Sei que provavelmente não ganharei o retorno financeiro e status social que teria se tivesse cursado Medicina; todavia, provavelmente também não estaria me sentindo em paz e tranqüila por saber que faço aquilo que gosto, que escolhi algo pensando no que realmente almejo pra mim, no que tem a ver com o meu jeito de ser.

Não quero fazer apologia à uma profissão ou desmerecer outra. Quero apenas exemplificar, com minha experiência pessoal, o conflito que vivi ao escolher minha profissão. Defendo até o fim a teoria de que devemos fazer o que gostamos, pode parecer clichê, mas é a verdade. O que adianta cedermos às pressões, atendermos às expectativas que as pessoas têm sobre nós se, no final, estaremos nos tornando profissionais frustrados?

Pense em sua vida e reflita onde você está deixando sua vontade própria de lado pra atender às expectativas externas. Se você ainda está na fase de decisão de sua carreira, pense bem naquilo que está te atraindo, nos valores que estão te movendo. Se você já é formado, por que fez o curso que fez? Por que trabalha onde trabalha? E se você não cursou uma faculdade, por que não o fez? Sempre há tempo para novos começos! Sempre há tempo de revermos nossos conceitos e ficarmos em paz com nossas atitudes. A melhor maneira de lidar com as pressões é ter em mente aquilo que buscamos pra nós e defender ao máximo o nosso direito de escolha.

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Lorenna Franco Reis tem 23 anos, é farmacêutica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto e frequenta a Igreja Presbiteriana Central de Anápolis (GO)

  1. Parabéns pelo artigo, Lorenna!
    Veja trecho de um artigo que me pediram certa vez: “Alguns estudantes secundaristas, com o sincero desejo de servir a Deus em missão, nos perguntam qual profissão é mais requerida no campo. Eles querem tanto ir, que às vezes escolhem a profissão pela demanda do campo, e não tanto pelas habilidades próprias.
    A pergunta deveria ser outra: que profissão mais se adequa às minhas capacidades, habilidades e possibilidades? O que eu gostaria de fazer para contribuir com a sociedade?
    Cremos que Deus dá habilidades e capacidades para cada pessoa de forma única. E cada pessoa vive em um contexto único de filiação, condição econômica, localização geográfica – uma séria de fatores que vão determinar, pelo menos em parte, em qual faculdade ou universidade esta pessoa poderá estudar, e quais cursos lhe serão acessíveis.”
    Abraço,
    Délnia

    • Olá Délnia!
      Fico feliz por ter gostado do texto! Concordo plenamente com sua maneira de pensar. Acredito que podemos ser usados por Deus em qualquer profissão que escolhermos seguir. Sendo assim o ideal é escolhermos nossa profissão por nossas afinidades, nossa vocação e seja qual for a carreira a ser seguida devemos ser profissionais a serviço do Reino, sermos honestos e coerentes em nossas atitudes, sempre dispostos a ajudar e a contribuir com nossas qualidades. Dessa maneira seremos um diferencial aonde quer que estejamos e seremos bem sucedidos em nossa profissão!
      Abraços,
      Lorenna

  2. Parabéns!!! eu sou do Perú e gostei muito seu artigo… eu pasei quase o mesmo, quando eu era criança tambem respondia com muita firmeza: vou ser médica. Eu queria ser um médico, porque pensei em ajudar as pessoas através desta profissão e conversar com os pacientes de Jesus… Acho que também foi influenciada … desde que eu era uma criança assistindo a minha mãe que trabalhou no hospital, vendo os médicos atender aos pacientes; mas eu não estava ouvindo o plano de Deus para minha vida, ele tem o melhor pra nós …. tenho certeza. Agora estou em engenharia faculdade estudando , e está tudo bem… graças a Deus.

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