“O que controla a sua boca preserva a vida, mas quem fala demais traz sobre si a ruína” (Pv 13.3).

Enquanto assistia à uma palestra, ele tuitava “isso aqui está tão chato”. O outro, desabafando, reclamava do chefe, dos colegas e de seu trabalho. A outra dizia que se espantava consigo mesma por estar tomando mais um porre em plena terça-feira. Uma ainda confessava as carências afetivas que a consumiam. Uma amiga minha resumiu bem esse cenário dizendo: “Metaforizando: Já perceberam que o Facebook é um divã e os psicanalistas somos nós?”

Nossa geração tem concentrado muita atenção nas redes sociais. Facebook, Twitter, Orkut e congêneres são os suportes utilizados para que as narrativas do eu se manifestem. “No que você está pensando agora?”, “O que está acontecendo?”, “Qual é a frase do seu perfil?”: essas perguntas têm nos provocado e temos respondido a elas. Sem dúvida, individualismo e subjetividade nunca estiveram tão evidentes.

Você pode opinar sobre tudo e todos. Você pode elaborar o discurso sobre si. Você está em evidência. Você tem espaço. Onde ficam os outros? E cadê aquela lógica, que a vovó ensinava, do “meu ouvido não é penico”? No exercício de ser e conviver, o eu precisa se dar conta do outro e do mundo, pois ele não subsiste sozinho e, se assim tenta ser, acaba por se anular.

Temos falado muito. Será que esquecemos do que, quando crianças, ouvíamos com frequência: temos duas orelhas e uma boca? Será que a internet tem reproduzido o comportamento típico humano do pouco ouvir e do muito falar? O que temos falado nas redes sociais?

O sábio Salomão – aviso, ele não tem Twitter, Facebook e nem Orkut que seja oficial – já advertia que controlar a boca preserva a vida. Será mesmo que as redes sociais são o melhor lugar para expressar o meu humor, as minhas dúvidas pessoais e percepções que tenho sobre os outros? Essa verborragia é válida pra quê?

Para que a pulga fique atrás da orelha, vale a pena pensar que Jesus Cristo disse que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34b). Que tal dar uma olhada para o meu coração hoje? Mas não preciso tuitar o que achei, né!?

Edson Munck Jr. tem 24 anos é professor e jornalista e mora em Juiz de Fora – MG.

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