O desafio de uma geração conectada
Vivemos em um dos períodos mais fascinantes da história da humanidade. Acredito nunca ter havido na história um momento onde o mundo esteve tão aberto e acessível para quem quer que seja. Os níveis de tecnologia alcançados poderiam até ser esperados e sonhados, mas de forma alguma com tamanha acessibilidade e popularidade. De dentro de nossas casas podemos conhecer e viajar por todo o mundo em tempo real, em ângulos diferentes e até falar abertamente com pessoas de idiomas e culturas nunca imaginados.
Não estar conectado nesta geração é praticamente impossível. Existem movimentos contra-cultura mas que também utilizam as ferramentas virtuais (sites, emails, blogs…) na internet, sendo um contra-senso de sua radicalidade.
É dessa maneira que esta geração tem aprendido a viver, conectados. A Geração Milênio (nascidos a partir de 1980) não sabe ser ou viver longe de alguma conexão. Ficar sem o celular, internet ou televisão é um martírio, uma crise de identidade, um lapso de personalidade. A comunicabilidade em muitas situações deixou de ser uma ferramenta de informação para tornar-se um vício. Todos estão “na REDE”, de uma maneira ou de outra.
Diante desse quadro no qual fazemos parte da pintura, como podemos desafiar esta geração a viver bem os desígnios de Deus? Se vivemos neste tempo, é porque Deus nos chamou para sermos sal e luz aqui, neste contexto, nestas circunstâncias. E nosso referencial para viver bem e superar os desafios de nossa época continua sendo e sempre será a maneira como Jesus viveu. Olhando para Jesus, podemos encontrar algumas orientações para este desafio de Conexões.
Jesus foi um homem intensamente conectado com seu tempo e com as pessoas da sua época. Relacionava-se com todos os tipos, todas as classes, todas as posições sociais, de todas as formas e maneiras. Jesus estava sempre envolvido em uma grande rede de relacionamentos, sempre conectado com o mundo à sua volta.
Entre tantas conexões, poderíamos destacar quatro grupos nas relações de Jesus: A multidão, os fariseus, os discípulos, e os enfermos e necessitados. A multidão sempre o acompanhava para ouvir palavras de esperança e ver milagres acontecerem, mas as pessoas deste grupo não se comprometeram com Jesus a ponto de mudarem de vida. Os fariseus consideravam Jesus um rival religioso, uma ameaça à religião pura, e por isso tramavam sempre contra ele, tentando derrubá-lo. Os discípulos foram escolhidos a dedo, um a um; eram pessoas simples, sem grandes habilidades, mas que desfrutaram por três anos da intimidade do mestre e com ele aprenderam a viver. Já os enfermos e necessitados eram pessoas desprezadas, rejeitadas, que encontravam em Jesus esperança e cura; alguns tornavam-se discípulos depois desses milagres, outros recomeçavam a vida à sua maneira.
Se analisarmos nossas vidas hoje, não encontraremos estes mesmos tipos de relacionamentos? Pessoas que vem e vão; pessoas que tentam nos derrubar; pessoas que são marcadas e influenciadas pelo relacionamento conosco; e até pessoas que necessitam de compaixão e afeto.
A maneira como Jesus encarou e vivenciou as experiências com estes grupos nos ensina sobre como também devemos agir em nossa rede de relacionamentos. Jesus nunca rejeitou a multidão; Ele lhes deu pão e peixe na multiplicação, nunca negou uma conversa, mesmo sabendo que eles não ficariam. Aos fariseus Jesus dava respostas que revelavam a verdade sobre as suas vidas, mas também lhes davam a oportunidade de mudança; Ele queria transformá-los pela verdade. Quanto aos discípulos, Jesus investiu muito neles, confiando-lhes o ide, a continuidade, a missão de proclamar as boas novas da salvação a toda terra. E aos necessitados e enfermos ele curou, sarou, libertou, não pela condicional de se tornarem seus discípulos, mas porque era cheio de compaixão e solidariedade.
Apesar das diferenças ao lidar com cada grupo, uma coisa era comum em todos os casos: a personalidade e a convicção de Jesus em estar fazendo a vontade de Deus. Cristo sempre foi o mesmo, independente de quem estava diante dele.
Creio que hoje Jesus estaria utilizando os celulares, a internet, os meios de comunicação e outros recursos para compartilhar sua abundante vida, mas com certeza nada disto mexeria com a sua identidade e com a sua missão. Ele era conectado sim com o seu mundo, mas nenhuma conexão era mais forte que a conexão de Jesus com o Pai e com o Espírito Santo. A convicção de Jesus Cristo sobre a sua identidade e sua missão era tão profunda que nenhuma conexão seria capaz de influenciá-lo ou confundi-lo.
Esse é o ponto! Esse é o desafio para nossa geração! Para onde as conexões de hoje nos têm levado? Será que a identidade de nossos jovens e adolescentes, a geração milênio, se esconde atrás de um computador ou de um celular?! Se assim for, a juventude de nossos dias não passa de reféns dominados e seduzidos por um senhor mau e exigente.
Mas, se apesar das conexões inevitáveis com multidão, fariseus, doentes e discípulos, formos capazes de ajudá-los a construir uma identidade forte e uma consciência de missão profunda, então as conexões serão pontes de libertação, bênção e conhecimento da verdade.
Os relacionamentos, independente do grupo com quem se convive, devem reproduzir a maneira como Jesus se relacionava: portas abertas, confronto visando liberdade, discipulado, cura, através da consciência de identidade e missão. Esse é o grande desafio para esta geração, GERAÇÃO CONECTADA.
Rodolfo Franco Gois tem 29 anos, é casado com Daiane, pastor da Igreja Presbiteriana Independente Liberdade (Maringá/PR) e Diretor Pastoral do TeenStreet Brasil (www.teenstreetbrasil.com.br). <pr.rodolfo@teenstreetbrasil.com.br>
Pastor Daniel Dutra
Pastor Rodolfo é um homem de Deus, servo consagrado, , referência para mim no temor a Deus e no amor pela família. Muito bom o artigo!
Gustavo Gois
Achei este artigo muito “conectado” à realidade que temos vivido nas igrejas. Cada vez menos as igrejas são capazes de atrair essa nova geração, porque não acompanharam a evolução das discussões e dos conflitos na vida das pessoas. Infelizmente nas igrejas ainda estamos com a retórica dos anos 70, combatendo o “Sexo, Drogas e Rock’n Roll”. O que precisamos é nos conectar como igreja aos novos fatos, novas tecnologias e novas formas de realacionamento como foi dito no artigo. Jesus foi uma pessoa antenada, inovou na forma de se comunicar com as pessoas através das parábolas, entre outras tantas quebras de paradigmas.Vamos usar a conectividade hoje à disposição (e de graça) pra alcançar as pessoas e expandir o Reino de Deus! Parabéns pelo artigo e postura!!
Juanita Ray
Pastor Rodolfo me pastoreia a cada Teenstreet. É um exemplo a ser seguido, tem visão clara do Deus Presente a quem servimos. Deus esse que age em todo tempo, toda cultura e toda nação. Parabén pastor, pelo artigo e pela perceptível conexão com o nosso Deus Vivo!
Daniel Cocco
Interessante…cheguei a este texto edificante no site de uma revista impressa, através de um link encontrado numa rede social. Eis aí uma evidência clara de que o Pastor Rodolfo é um dos que estão conseguindo superar com louvor tal desafio! Para não falar de todo o trabalho do TeenStreet, um grande exemplo da força que toda essa integração da Geração Milênio pode exercer!
Os paralelos entre os grupos sociais não deixam dúvida: devemos usar ao nosso favor as ferramentas que estiverem ao alcance do nosso tempo. Resta-nos fazer bom uso deste imenso potencial!