Um sonho que se tornou realidade
Fiz muitos amigos no acampamento com jovens chineses e conheci uma pessoa muito especial chamada Jenni, de 24 anos, que faz parte de uma igreja clandestina
Depois de 7 anos de espera, lá estava eu realizando o que se tornou um grande sonho desde que conheci a Igreja Perseguida: estar com eles lado a lado. Tivemos a oportunidade de participar de um acampamento para jovens chineses. Chegamos dois dias antes deles e, no grande dia, em que eles se juntariam a nós, uma ansiedade e nervosismo incrível tomou conta de mim.
Quando eles chegaram, não aguentei, e as lágrimas vieram aos meus olhos. Mal sabia que muitas ainda iriam escorrer pelo meu rosto. Conheci muitos jovens que me edificaram bastante com seus testemunhos.
Por exemplo, a Jenni, uma jovem de 24 anos do interior da China. Com ela vivenciei preciosos momentos, uns dos mais especiais da minha vida. Ela faz parte de uma igreja clandestina e confidenciou que infelizmente não pode confiar nos membros da igreja, nem no pastor. Ela me contou sobre seu trabalho entre os jovens de sua universidade. Com pretexto de ensinar inglês, ela na verdade lidera um grupo de estudo bíblico. Maravilhosamente, muitos jovens universitários têm se rendido a Cristo. Quanta ousadia dessa menina, eu pensava. Em nenhum momento, senti medo em suas palavras, apesar de la saber que as consequências de uma descoberta ser grave, o que mais lhe deixava preocupada era ver seu povo ir para o inferno.
Antes de partirmos, ela me escreveu uma carta. Gostaria de compartilhar um trecho dela com vocês:
“Eu orei ao nosso poderoso Deus que preparasse uma pessoa especial aqui. Deus me ouviu! Obrigada. Orei a Deus que me desse uma amiga. Ele me deu você. Embora o momento de dizer “adeus” uma para a outra se aproxima e apesar do tempo que passamos ter sido tão curto, nós nos conectamos através de Cristo. Isso é uma grande alegria! Eu sei que sentiremos falta uma da outra e oraremos uma pela outra. Isso é o suficiente!!!”
Quando aqueles jovens perceberam que pessoas no Brasil oravam por eles e que tínhamos ido lá só para encontrá-los, ficaram extremante felizes e animados em saber que muita gente de tão longe se importava com eles. “Digam aos brasileiros que oraremos por eles também!”
Nenhum impedimento
A língua não foi uma grande barreira, com alguns não trocamos nenhuma palavra em inglês, mas oramos juntos, rimos e choramos juntos. Luci, que não fala nada em inglês, de repente começou a falar na língua dela olhando para a Samy. A gente não entendia nada e pedimos para um rapaz traduzir, e o que ela estava dizendo era: “Nós não precisamos dizer a mesma língua porque quando oramos Deus nos une. Estamos conectadas agora. Nos entendemos através do Espírito.” Sábias palavras.
Gostaria de compartilhar cada história, mas o espaço aqui é pouco. Então quero compartilhar o pedido de oração que eles pediram para nós trazermos: “Orem pelo nosso povo. Eles têm o coração muito duro”.
Além de conhecer nossa família chinesa, tivemos a oportunidade de levar bíblias para a igreja do pastor Samuel Lamb. Como era o ano das Olimpíadas, por motivos de segurança o acampamento precisou ser realizado em Hong Kong. E estava muito difícil entrar no território chinês comunista com Bíblias. Algumas pessoas já haviam sido pegas pela polícia. E nossos irmãos chineses contavam com as Bíblias. Oramos muito e fomos para a imigração chinesa com a mochila repleta de Bíblias. Éramos um grupo de 15 pessoas, agimos separadamente e conseguimos todos passar pela imigração com as Bíblias. Na hora de toda a operação, parecia que meu coração ia sair pela boca. Só depois que todos passaram é que veio o alívio e a alegria em poder entregar as Bíblias nas mãos do pastor.
Quando chegamos ao Brasil, fui ler a carta que um jovem chinês chamado Victor me escreveu. Compartilho com vocês um pequeno trecho, que é para mim e para todos os cristãos brasileiros:
“Não descanse, não há tempo para isso na terra, mantenha seu foco em Cristo, ame-o e seja seu colaborador. Sê fiel até a morte” (Victor).
Despedimos-nos de nossos irmãos chineses com um misto de sentimentos: tristeza, por não poder manter contato com eles por motivos de segurança; alegria, com a única certeza que temos na vida e com abraços e muitas lágrimas, afirmando que nos encontraríamos novamente, no céu!
Daniele Moraes (Fonte: www.portasabertas.org.br)