Conteúdo oferecido como “Mais na Internet” na matéria de capa da edição 378 (julho-agosto) da revista Ultimato.

Existe o grande perigo de alguém se acostumar com o sofrimento e não esboçar mais nenhum desejo de alívio. O que leva a isso é uma assustadora apatia provocada pelo tempo, pelo desgaste emocional, pela acomodação, pelas tentativas infrutíferas e pela falta de ânimo.

A primeira coisa que Jesus fez com o paralítico de Betesda foi perguntar-lhe: “Você quer ficar curado?” (Jo 5.6, BLH). Jesus perguntou também aos dois cegos de Jericó: “O que é que vocês querem que eu faça?” (Mt 20.32, BLH).

No caso do paralítico, ele estava junto ao tanque de Betesda havia 38 longos anos, deitado, sempre à espera de uma alma caridosa que o jogasse na água antes dos outros. Era um drama de 38 anos e uma espera também de 38 anos. Teria o paralítico se acostumado com aquela incômoda situação, com aquela longa dependência dos outros, com aquela terrível imobilidade física?

A pergunta de Jesus tem cabimento e é válida também para hoje e para outros casos de infelicidade. A um casal prestes a se separar, Ele pergunta: “Querem que Eu os ajunte outra vez?” A um enlutado, Ele pergunta: “Quer que Eu o console?” A um alcoólatra, Ele pergunta: “Quer que o liberte do álcool?” A um dependente de droga, Ele pergunta: “Quer que Eu o livre das drogas?” A um endemoninhado, Ele pergunta: “Quer que Eu lhe expulse o demônio?” A um homossexual, Ele pergunta: “Quer que Eu lhe restaure a identidade sexual?” A um pecador, Ele pergunta: “Quer que Eu o perdoe?”

A pergunta de Jesus desperta a vontade daquele cuja esperança está a zero. Ela provoca conhecimento próprio, provoca reflexão, provoca reação. Diante da esperança despertada ou renovada, a pessoa sofrida diz outra vez: “Quero ser curado”, “Quero tornar a ver”, “Quero restaurar meu casamento”, “Quero ser consolado”, “Quero ser liberto do álcool e das drogas”, “Quero ficar livre do demônio”, “Quero ser curado do homossexualismo”, “Quero ser perdoado”.

Um dos grandes entraves na recuperação física, emocional, moral e espiritual do indivíduo é a falta de sólida e verdadeira vontade de ser curado. Disto o homem deve se guardar zelosamente.

Texto originalmente publicado na edição 269 de Ultimato.

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