Não tem como negar nem como escapar. Quanto mais trigo, mais joio. A quantidade de joio é proporcional à quantidade de trigo. Sempre foi assim. Enquanto alguns se dão ao trabalho de semear o trigo, outros se dão ao trabalho de semear o joio. Ambos os semeadores são incansáveis. A extensão do trigo provoca a extensão do joio.

O autor da denúncia da triste mistura do trigo com o joio é o próprio Senhor da Seara. Há quase dois milênios Jesus Cristo ensinou: “O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas, enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu” (Mt 13.24-26, NVI).

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O problema é de âmbito mundial, pois o campo onde as duas sementes foram lançadas é o mundo. É também insolúvel, pois a parecença do joio com o trigo é enorme, e o dono do campo não quer correr o risco de arrancar o trigo como se fosse joio. Há de se ter muita paciência e esperar o tempo da colheita, quando pessoas capazes hão de colher primeiro o joio para ser queimado, e, depois, o trigo para ser guardado no celeiro. Não pode haver precipitação. Não se pode jamais sacrificar nem sequer um pé de trigo.

Jesus Cristo fornece outros detalhes: “Aquele que semeou a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do reino. O joio são os filhos do maligno, e o inimigo que o semeia é o diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheita são anjos” (Mt 13.37-39, NVI).

Tudo isto quer dizer sem rodeio algum que entre os chamados cristãos há trigo e joio, há crentes verdadeiros e falsos crentes, falsos mestres, falsos profetas, falsos apóstolos e falsos cristos. A falsidade está temporariamente escondida atrás de uma capa bonita e atraente, atrás da capacidade de profetizar, da capacidade de expelir demônios e da capacidade de fazer muitos milagres (Mt 7.32; 24.23-24).

Na tentativa de contextualizar a parábola do trigo e joio, é preciso afirmar, sem medo de errar, que ambos estão presentes em todos os segmentos cristãos conhecidos hoje em dia. Há trigo onde não se esperava que houvesse. Há joio no meio de grupos aparentemente mais espirituais, mais conservadores, mais ortodoxos e mais avivados. Há trigo na Igreja Católica, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Protestante. Há joio no pentecostalismo evangélico, na Renovação Carismática Católica e nos movimentos neopentecostais. Nem todos os líderes carismáticos que atraem imensas multidões são necessariamente movidos pelo Espírito, como eles mesmos dizem. É certo que entre eles há joio, e, não trigo. Semelhantemente há joio no meio dos líderes de denominações históricas e tradicionais.

Face a essa confusão religiosa provocada pelo diabo, não pode haver uma colheita precipitada do joio por causa do risco de se cometer uma injustiça contra o trigo. Só Deus conhece o verdadeiro trigo e o verdadeiro joio. A separação é certa, mas não exatamente agora. O trigo e o joio precisam amadurecer primeiro. Então, na colheita de um e de outro, no fim desta era de mistura e de confusão, os encarregados da colheita separarão o joio do trigo, com a facilidade com que o pastor separa as ovelhas dos bodes (Mt 25.32).

A parábola do trigo e joio é bem atual, pois ninguém pode negar a intensidade e a velocidade do crescimento da Igreja neste final de século. E o crescimento do joio vem junto com o crescimento do trigo. Ela explica uma série de coisas esquisitas que estão acontecendo e livra os cristãos tanto da ingenuidade como da precipitação. Além de fazê-los aguardar com maior entusiasmo o fim da presente era e o início da nova era, com o retorno em glória de Jesus Cristo!

Texto originalmente publicado na edição 256 de Ultimato.

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