Por Ultimatoonline

 

O belo-horizontino Eliabe Silva de Abreu concedeu esta entrevista ao blog Caminhos da Missão. Descubra como este jovem de 23 anos aliou sua futura profissão com uma oportunidade no campo missionário em um país da Ásia, antes de se formar médico, o que vai acontecer no mês de agosto.

 

De onde vem o desejo de trabalhar em missões com a sua profissão?

Esse é um desejo antigo. Eu poderia dizer até que é um “sonho de criança”. Sempre me vi movido por Deus em direção à ação dele em campos transculturais. Eu me lembro de ser impulsionado, em todos os cultos de missões da minha igreja de infância, a me entregar a Deus para isso. Quando a certeza de que medicina era a minha vocação foi se consolidando, sempre esteve em minha mente ir a lugares distantes e servir com a profissão. Inclusive, eu falava que queria que a minha primeira viagem internacional não fosse à Europa ou aos EUA, mas a algum país em desenvolvimento (na época, eu só pensava no continente africano). Bom, aqui estou eu; não fui à África, mas a um país vulnerável de forma similar.

 

Como você conheceu o programa On Track da agência Interserve e como surgiu a ideia de participar do programa?

Eu conheci o programa On Track em uma palestra online promovida pela Aliança Bíblica Universitária de Juiz de Fora que abordava a integração da vocação profissional e vocação ministerial. Fiquei muito empolgado desde então!

Eu já estava planejando ir em missão a um hospital no Nepal por recomendação de um amigo meu com quem trabalhei na missão estudantil (na época, Aliança Bíblica de Secundaristas de BH). Ele fez uma visita ao hospital durante uma viagem à Índia e me incentivou muito a viver essa experiência. Cheguei a fazer contato com a coordenadora do hospital e já estava vislumbrando essa viagem. Depois de um tempo, eu participei daquela palestra online e descobri que a Interserve tinha parceria com esse hospital! Começamos então a conversar de forma mais oficial e, pela vontade de Deus, fui a um outro país, mas foi dessa forma que tudo começou.

 

É verdade que você ainda vai conseguir aliar a experiência transcultural de curto prazo com o estágio obrigatório da sua graduação? Como isso foi possível?

Sim, é verdade! Na grade curricular da minha graduação, há um estágio obrigatório no final do curso em que os alunos podem escolher onde e o que fazer, de acordo com a área de interesse. Não sei se essa modalidade é comum em outros cursos e, ou em outras faculdades; vale a pena conferir. Então, conversei com os departamentos responsáveis e confirmei que haveria essa possibilidade – no meu caso, fazer um “medical elective” fora do Brasil, e ser validado como parte da minha carga horária obrigatória. Dessa forma, eu pude escolher fazer esse estágio que, com toda certeza, impactou a minha visão da assistência médica e me formou de forma única, sendo, inclusive, importante na definição dos passos a serem seguidos após a minha formatura.

O que você diria a outros jovens como você, também estudantes, sobre aliar missão e formação acadêmica?

“Não dicotomizem aquilo que, para Deus, é indissociável”. Muitas vezes, a gente se pergunta: “como posso integrar a minha profissão e a minha vocação?”. Mas a questão é: onde foi que nós dissociamos essa realidade? Nós temos sido fortemente influenciados pela nossa sociedade e, falando em termos bíblicos, deixado que Mamom direcione nossas decisões profissionais. O grande ponto é que nós não podemos servir a dois senhores – se a remuneração financeira define de forma última o que eu faço com o meu diploma, não há espaço para o serviço ao Senhor. Se nós somos salvos, somos “propriedade exclusiva de Deus, a fim de [proclamarmos] as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9).

O chamado missionário é estendido a todos os crentes. Nós, como Igreja, chegamos ao entendimento de que glorificar a Deus com o nosso trabalho não é apenas usar dele como oportunidade para anunciar o evangelho – se bem que não podemos perder de vista essa dimensão. E, além disso, quando nós clamamos “Maranata, ora vem, Senhor Jesus!”, nós nos incluímos no movimento de Deus de fazer o nome dele conhecido entre todos os povos até que, então, venha o fim. Como li em um livro, esperança escatológica sem obediência missionária é uma completa incoerência. Precisamos pedir ao Senhor que coloque em nós o amor que ele tem pelos povos não alcançados e, se reconhecermos que esse é o direcionamento que ele nos dá, tomarmos a nossa cruz, negar-nos a nós mesmos e segui-lo.

 

E sobre o On Track e todo o processo para participar? Como foi isso pra você?

Foi um processo de ser moldado por Deus em muitas áreas da minha vida, algumas até que podemos pensar que não tem a ver com a missão. Tenho visto a provisão de Deus de forma especial, não apenas financeira, mas nos joelhos de tanta gente que orou comigo. Como disse o diretor do hospital aonde eu fui, eu não deveria me preocupar com as atividades que ia desenvolver naquele país. Não tive a intenção de inovar (não tenho experiência suficiente para isso). A minha preocupação foi ir e estar atento à voz de Deus, ao que ele me falasse durante essas sete semanas. Não tenho dúvidas de que ele falou. Peço, apenas, que orem comigo, para que meus ouvidos estejam atentos e meu coração, disposto.

 

Saiba mais:

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  1. Antonia Leonora van der Meer

    Fiquei muito feliz lendo o relato de como Eliabe conseguiu usar sua formação médica para um estágio prático transformado numa rica experiência Missionária. Que Deus continue usando ABS, ABU e On Track para levar jovens com um chamado a servir onde e como Deus lhes chamar.

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