Na varanda com o autor | Ricardo Wesley M. Borges

Ele andou com John Stott…

Bem, nem tudo é perfeito. Ele também tem a formação que, talvez, mais tenha entregado obreiros para o ministério: Engenheiro Agrônomo. Ricardo Wesley M. Borges é casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), serve globalmente como secretário adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e também apoia a equipe da IFES América Latina.

Embora tenha ultrapassado a marca dos 50 anos, Ricardo sempre caminhou junto com os mais novos, especialmente, servindo como obreiro e secretário executivo da Aliança Bíblica Universitária (ABU) por muitos anos. Mestre em Liderança pelo All Nations Christian College, Inglaterra,
Colunista do portal Ultimato, Ricardo Borges mora com a família em São Paulo, SP, e conversou com o Blog na última semana.

Alguma pessoa ou livro, em especial, influenciou sua aproximação da leitura e da escrita?

Sempre fui um fã de autores como C. S. Lewis e J.R.R. Tolkien. Tenho uma seção aqui na biblioteca de casa só para eles. Se um dia eu aprendesse a escrever com a clareza de argumentos do Lewis ou com a riqueza da imaginação do Tolkien, sentiria que aprendi com as letras a inspirar, a convencer e a encantar.

 

Quando a inspiração para escrever não vem…

Entendo que é preciso escrever sempre, com inspiração ou sem inspiração. O hábito nos ajuda a aprender e a aprimorar-se. Sem medo de escrever mal, o que com certeza acontecerá, também sem medo de revisar, corrigir, apagar e escrever de novo.

 

O que os adultos devem ler para as crianças?

Com as nossas duas filhas líamos a Bíblia, todas as noites, antes de dormir. E talvez mais do que ler para elas, ler com elas. Além da Bíblia, os quadrinhos e os livros de fantasia e ficção tinham o seu lugar. O exemplo modela e rende dividendos. Hoje são elas que me dão as dicas sobre o que ler e nem consigo acompanhá-las em tudo que elas leem.

 

Que conselho você gostaria de ter recebido na sua juventude?

Gostaria de ter ouvido: “você vai errar, mas não será o fim do mundo”. A gente se leva a sério demais, o que às vezes nos impede de sermos mais leves e maduros na vida. A leveza vem do confiar mais em Deus do que em si mesmo, e a maturidade, bem, sobre essa quem sabe eu te conto mais no dia em que chegar lá.

 

Como você lida com o envelhecer?

Busco ver o lado bom, apesar das óbvias limitações que nos vem com a idade. O bom é ter mais perspectiva, mais lastro, mais bons causos para lembrar e assim buscar fazer sentido de tudo o que vemos ao redor. Com os anos, reconhecemos que a gente sabe menos das coisas. Isso é uma virtude que ao menos tem o potencial para crescer com a idade.  Jovens tendem a pensar que já sabem como são as coisas. Eu pelo menos era assim. A idade te humilha, e te ensina.

 

O que mais a anima e o que mais a incomoda no meio evangélico?

Começo pelo que me incomoda. O narcisismo, a competição, a busca pelo poder e pela influência como um objetivo final autocentrado. O que me anima é ver o que uma nova geração de líderes jovens pode fazer quando ama o Senhor, é fiel à sua Palavra e se conecta de maneira relevante a cada contexto em missão no mundo.

 

Você é um dos colaboradores do Portal Ultimato que muitas vezes aceitou convites para escrever sobre John Stott. Pensando na proximidade com a obra desse autor, conte como algo do legado dele pode ajudar os cristãos a enfrentarem os tempos difíceis acentuados com a pandemia da Covid-19.

Stott foi um líder que soube juntar uma enorme capacidade intelectual para entender bem os desafios do seu tempo com uma exposição acurada, simples e profunda das Escrituras. Também sabia como ninguém construir pontes, fomentar o diálogo e a cooperação entre diferentes, focar no que era essencial para a unidade da igreja e o avanço da missão de Deus. Era íntegro, cultivando um estilo de vida simples, sem estrelismos. O legado de seu exemplo nos inspira e nos ajuda a enfrentar melhor tanto os desafios evidenciados pela pandemia como as outras crises que virão no futuro.

 

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