O Meu Lugar no Mundo

Por Flávia Camellucci de Azevedo

“Deus não vê como o homem vê”.

A minha descoberta vocacional foi acontecendo enquanto eu aprendia mais sobre quem Deus é e servia na igreja local. Este processo inicial de aprendizado, comunhão fraternal e serviço, foi muito importante, tanto para mim quanto para a minha liderança pastoral, pois fomos percebendo meus dons e meu chamado missionário.

Embora eu tenha recebido uma herança cristã católica, eu ouvi o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo já na fase adulta da vida, tinha 2 filhos bem pequenos, e ao longo da minha história muitas coisas não iam bem. Ter esse “encontro pessoal” com Jesus Cristo na fase adulta foi um presente incrível.

Porém, neste processo de descoberta vocacional, fazia todo sentido para mim estudar as Escrituras, e, desenvolver o ministério com pré-adolescentes na igreja local foi uma experiência incrível. Entretanto, ainda que meu coração estivesse pulsando para servir a Deus e ao próximo, eu ainda era muito insegura, pois no meu íntimo achava que seria improvável, que uma mulher por volta dos 35 anos, divorciada, com 2 filhos pequenos, pudesse ser “notada” por Deus, e escolhida para receber um chamado tão nobre quanto é a obra missionária.  Eu achava que isso seria algo possível somente às famílias com gerações perseverando no evangelho, e que são modelos de inspiração para mim.

Mas, eu ainda estava aprendendo sobre como é caminhar com Deus, como discernir a sua vontade, e os valores do seu reino. Para isso, basta olharmos para as Escrituras para percebermos que Jesus veio para chamar os que estavam doentes e perdidos ao arrependimento e a salvação. São esses improváveis no olhar humano, que foram chamados a caminhar com Ele. Não só caminhar como alguns, inclusive, tiveram chamados específicos, como os apóstolos! A humanidade e limitação dos discípulos de Jesus nos confronta, afinal, Deus não vê como o homem. Simultaneamente a isso, fui percebendo no meu coração o contentamento de servir, e o desejo profundo de sair para anunciar quem é Deus. Esse sentimento de ir, foi ficando cada vez mais forte e claro, e a convicção do meu chamado missionário ficou irresistível no meu coração.  

Então, o próximo passo foi me capacitar. Passei por alguns treinamentos intensivos de curto prazo de missiologia, e logo depois eu e meus filhos, fomos enviados à Viçosa pela minha igreja local da época. Assim, eu pude cursar a formação missionária de 2 anos em dedicação integral no CEM – Centro Evangélico de Missões. Foi nesse período estudando missiologia e teologia que a minha vocação ficou mais clara dentro do meu chamado missionário, que é: trabalhar com projetos de desenvolvimento comunitário, discipulado e estudos bíblicos.

Há mais de dois anos tenho servido em uma ONG que atende crianças e adolescentes em contexto de vulnerabilidade, e, em relação ao desenvolvimento da minha vocação, continuo aprendendo muitas coisas. Por isso, quero deixar algumas lições importantes que aprendi e espero que elas possam encorajar você a viver sua vocação dada por Deus.

O chamado vem de Deus para nós. É Ele quem escolhe, quem determina o tempo de as coisas acontecerem, e que dá a vocação e propósito de vida para cada um de nós.

Às vezes formamos barreiras para nós mesmos ao criarmos alguns padrões que nos atrapalham perceber a vontade de Deus.

Deus me chamou em família, ou seja, conhecendo as minhas limitações. Embora o chamado missionário seja pessoal, eu e meus filhos estamos vivendo a vida comum do lar em missão pela graça de Deus.

Minha formação acadêmica em Administração de Empresas, e especialização em Planejamento Estratégico, somado aos anos de experiência profissional, não foram descartados. Eu não exerço mais a minha profissão da mesma maneira, mas tudo isso são úteis e se tornaram ferramentas para o exercício da minha vocação.

Procurar conhecer realmente a vontade de Deus e viver a vocação é o que traz sentido e contentamento à vida e os frutos disso glorificam a Deus. Não importa a idade ou se há alguma dificuldade. Se Deus chama, ele guia e sustenta.

Viver a vocação com intencionalidade sendo guiado por Deus é muito importante. É Ele quem nos move para diferentes lugares e em diferentes etapas da vida.

  • Flavia Camellucci de Azevedo, 45 anos, tem 2 filhos, é administradora de empresas e missionária servindo como diretora executiva na Rebusca, ONG da Igreja Presbiteriana de Viçosa. É mestranda em Master of Art em Biblical Leadership (liderança cristã) no Seminário Teológico Servo de Cristo.

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