Todas as coisas precisam do belo – a publicidade, a arquitetura, a igreja
Entrevista com Rick Szuecs
Conteúdo extra oferecido como “Mais na Internet” na Imagem da Edição de Ultimato nº 376
Rick, publicitário de formação e design gráfico de carreira, é o autor do projeto gráfico da revista Ultimato. Além de ter sido o responsável pela diagramação da revista por cinco anos, ele criou as capas de 13 livros da Editora Ultimato.
Se você fizer uma pesquisa no site christianitytoday.com com o nome dele, encontrará mais de 55 menções “Ilustração de Rick Szuecs” só de dezembro de 2018 para cá. Seu trabalho são “composições”, um tipo específico de ilustração.
Todos os dias, os editores de Christianity Today enviam as histórias que serão publicadas, e, geralmente, Rick tem 48 horas para traduzi-las em linguagem visual. Por aí percebe-se que a vida de um artista visual não é fácil.
Rick é casado com Pri Sathler, também artista, e pai de Theo e Olívia. Além de seu trabalho, ele é bastante envolvido com a Mocidade Para Cristo (MPC) em Belo Horizonte e com a sua igreja.
Em entrevista a Ultimato, Rick fala da carreira, da família e da beleza na arte. Confira:
Como a arte entrou na sua vida?
Para falar a verdade, não sei identificar. Faz parte dos interesses naturais que começaram ainda na infância. Veio a música, veio as artes visuais e, sem perceber, já são parte do dia-a-dia.
Você e sua esposa estão envolvidos com arte. Isto afeta o dia a dia da família?
Afeta um pouco sim. De uma certa maneira é bom, porque temos muita coisa em comum para conversar; e para os filhos, nosso trabalho parece brincadeira. Fazer ilustrações, para eles, é muito divertido. Especialmente o trabalho da minha esposa que faz muitas peças artesanais, pintura, recortes de papel, um monte da coisa. De vez em quando, as crianças acabam participando e aproveitando a “bagunça”.
Você tem formação em publicidade, mas trabalha como designer gráfico. Além de projetos editoriais você trabalha com publicidade?
Sim, já trabalhei em agência, já fiz trabalho freelance para agências, mas, há algum tempo, venho fazendo trabalhos voltados para o mercado editorial.
A publicidade precisa da arte?
Se pudermos trocar “arte” por “beleza”, eu diria que todas as coisas precisam do belo; não só a publicidade, mas a arquitetura, a igreja. Cito Roger Scruton: “A beleza é um valor supremo – algo que buscamos pelo o que ela é, e não seria necessária nenhuma outra razão para que sua busca seja compreendida. A beleza deve, portanto, ser comparada à verdade e à bondade; um membro de um trio de valores que justificam nossas inclinações racionais”.
Você teve a experiência recente de ensinar em Nairóbi, Quênia, num curso promovido por Magazine Training International. Conte-nos sobre esta experiência.
Foi uma experiência muito rica e inesquecível. Primeiro, pude perceber o quanto as revistas continuam interessantes e relevantes. Muitas pessoas alcançadas e interessadas em publicações impressas. Tínhamos ali representados vários países africanos, da Nigéria a Camarões, e cada editor com uma história maravilhosa para compartilhar. E, em segundo lugar, conhecer um pouco mais da realidade daquele povo. Uma das alunas do curso de design – Hulda, do Congo – estava trabalhando em uma revista para conscientizar o povo sobre os riscos do ebola e das ameaças dos radicais islâmicos. Uma realidade bem diferente da nossa.
Além do trabalho com Christianity Today (CT), em que projetos você está envolvido atualmente?
O trabalho com a CT ocupa a maior parte do meu tempo. Além disso, estou sempre participando de outros projetos editoriais aqui no Brasil e nos EUA. Este mês estou fazendo capas de livros para a Church Law and Tax, que faz parte do grupo da CT, e começando o projeto de adaptação de bíblia infantil para a Editora Geográfica, de Santo André, SP.
Fé e arte se misturam?
Acho que fé se mistura com tudo; tudo o que fazemos e tudo o que pensamos se mistura com nossa experiência espiritual. A arte vai ser criada a partir das experiências de fé que nos moldaram até aqui.
“Um livro se compra pela capa”. Esta frase é exagerada ou não?
Não acho exagerada não. Talvez não seja um bom conselho, mas é uma realidade: uma boa capa pode atrair a atenção do leitor e gerar uma curiosidade que se transforma em compra. A capa não entrega o conteúdo todo, mas tem o poder de resumir uma ideia e de ser convincente.
Que artistas visuais cristãos você indicaria ao leitor?
Gosto de vários. O que primeiro me influenciou foi o Jim Lepage. Por conta do trabalho, gosto do trabalho de muitos artistas que estão criando para o meio editorial: David Fasset, Faceout Studios, Don Clark.
Que conselhos você pode dar para jovens que querem seguir a carreira de designer?
Estude muito, aprenda os programas, busque boas referências, leia bons livros e crie bons relacionamentos. É um mercado difícil, mas é muito bom trabalhar com o que se gosta.
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