Por Matheus Loures

carinhas“Evangelizar é forçar o outro a pensar como você”, “Querer que o próximo seja convertido à sua crença é colonizar sua identidade”. Essas e outras afirmações são frutos do tempo em que vivemos e reflete muito bem o que há por trás desta era: busca pela total autonomia do “eu” e incapacidade de determinar padrões e condutas universalmente válidos.

Tá bom. Antes que você possa pensar que este é mais um texto acadêmico e chato (espero sinceramente que você não tenha nenhum preconceito com textos acadêmicos), eu pergunto: quem nunca foi questionado ou se questionou sobre a motivação com que nos aproximamos dos não cristãos? Será que ao invés da amizade nós só queremos a conversão daquela alma para aumentar nossas fileiras religiosas?  Certa vez um amigo cristão foi questionado por alguém de fora da igreja com essas palavras: “O que vocês ganham nos convidando para o culto? Jesus Points?”

Taí uma questão que temos de ter bem resolvida se queremos ser “sal da terra e luz do mundo”. Precisamos parar de engolir toda essa baboseira pós-moderna e pseudo-tolerante e então lembremo-nos do apóstolo João que diz que o amor do Criador consiste em que Deus enviou seu filho ao mundo para que vivêssemos por meio dele. O evangelho é a forma pela qual o Deus infinito comunicou seu infindável amor para que suas criaturas finitas pudessem entender e experimentá-lo. Logo, evangelizar nada mais é do que amar. Anunciar o que Cristo fez por nós é o maior ato de amor que podemos ter para com o próximo. Será que este amor pode atrapalhar uma amizade?

Querer a conversão dos nossos amigos não tem nada de errado. Falso e interesseiro seria desistir da amizade nos casos em que seu amigo não se torne cristão. A conversão de alguém é sempre trabalho do Espírito. O papel que nos cabe é amar e dizer daquilo que expressa o mais puro amor. Não pensemos que amizade sincera é aquela que neutraliza sua fé, pois amizade e evangelismo não são incompatíveis. Não deixemos de perceber que a vontade de anunciar o evangelho tende a gerar relacionamentos verdadeiros, já que o puro amor de Deus é o pano de fundo da relação. Não querer que o próximo experimente viver no reino de Deus é uma tremenda “trairagem”. Por isso Spurgeon disse: “Por essa razão, viva, fale e ensine (do evangelho), de um ou outro modo, e seja sempre fiel a Deus e às almas dos homens”¹. Lembremos a ênfase que as Escrituras dão à evangelização, lembremos a intensidade de Paulo que pedia oração para fazer conhecido o mistério do evangelho e dizia: “Aí de mim se não pregar!”.

Mas e se nosso colega não estiver a fim de ouvir a mensagem? Ora, não muda nada. Para falar a verdade, é só ativar o modo “pregarei sempre, se necessário usarei palavras”. Faça com que o evangelho seja sua inspiração para se preocupar com a vida de seus amigos. Permita com que o evangelho te leve a atitudes de hospitalidade. Deixe que o evangelho seja seu filtro para o relacionamento, mesmo enquanto estiverem conversando sobre música, futebol, programa de TV ou qualquer outra coisa. Relacione-se, saia do seu gueto gospel, para silenciosamente sinalizar a revolução de Cristo que nos permite uma interação profunda e correta com toda a cultura ao nosso redor. E o mais Ele fará…

Nota:
1. SPURGEON, Charles H. – Conselhos para obreiros – Arte Editorial 2010.

• Matheus Loures, 27 anos, é formado em Comunicação Social (UFMG 2009) e casado com Chrys. Desde 2010, e missionário da Igreja Caverna de Adulão e pastor da Comunidade Seiva em Alto Paraíso, a esotérica cidade do interior de Goiás. Escrevo para o blog maloures.wordpress.com.

  1. Muito interessante. As pessoas em geral, independente da idade, deveriam ter em mente que falar de Jesus é manter um estilo de vida que fale por si só do evangelho. Creio no evangelho de um Jesus contagiante, cuja simples presença já fazia toda diferença na vida das pessoas. Assim, se necessários usemos palavras, mas o poder de uma vida rendida realmente fala por conta própria.

  2. Hoje em dia é difícil acreditar que muitos dentro de um templo fazem isso por apenas amar Cristo, acredito eu que é mais por ter outras pessoas fazendo o estilo” tamo junto” quando me deparo com jovens e pergunto algo sobre a biblia eles nem se quer sabem se expressar , isso acaba se tornando uma moda e não estilo de vida com Deus.

  3. Me emocionei com “…evangelizar nada mais é do que amar. Anunciar o que Cristo fez por nós é o maior ato de amor que podemos ter para com o próximo.”. Amém! <3

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