A Missão Portas Abertas promove, no próximo dia 19 de junho, o Domingo da Igreja Perseguida. Esta é uma realidade vivida por mais de 100 milhões de cristãos em todo o mundo. Não sabemos a quantidade de jovens incluídos nesse número, mas temos certeza de que não são poucos. No 3º Congresso Lausanne de Evangelização, Mundial, realizado em Cidade do Cabo, na África do Sul, uma adolescente coreana compartilhou um pouco da sua história e comoveu a todos com o testemunho de fé frente à restrição religiosa de seu país.

Aproveitamos a proximidade com a data para divulgar essa história e incentivá-lo a envolver-se com essa causa.

Oi, Meu nome é Giongchu Son. Eu vim para a Coreia do Sul em 2009. No momento, estou cursando o segundo ano do segundo grau. Nasci na cidade de Pyongyang. Sou filha única de uma família muito rica. Meu avô, que nasceu na China, voluntariou-se como soldado no exército chinês e serviu à Coreia do Norte durante a guerra coreana. Durante aquele, tempo ele conheceu minha vó, que também nasceu em Pyongyang, e lá se casaram e moraram. Meu avô foi um dos primeiros pilotos da força aérea da Coreia do Norte, meu pai era assistente de Kim Jong-il, que é o líder da Coreia do Norte, e minha mãe era professora de inglês.

Quando eu tinha 6 anos de idade, minha família foi perseguida politicamente pelo governo norte-coreano, então todos nós fugimos para a China. Assim que chegamos lá, começamos a frequentar uma igreja com um dos meus parentes. Todos nós estávamos passando por muitas dificuldades, mas Deus alcançou meus pais e eles se tornaram fervorosos na oração e nas petições com fé. Porém, depois de alguns meses, minha mãe engravidou e acabou falecendo de leucemia. Mesmo no meio dessa tragédia na família, meu pai começou um estudo bíblico com missionários da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Ele queria ser um missionário de fé e visão fortes, então estudou bastante a palavra de Deus.

Mas em 2001, alguém o denunciou e ele foi preso. As autoridades chinesas o mandaram para a Coreia do Norte para cumprir três anos de prisão, mas em vez de reclamar ou culpar outros, ele clamou a Deus. Quando acabou de cumprir sua pena ele voltou para a China e começou a juntar Bíblias e mais Bíblias, e voltou para a Coreia do Norte com a direção de Deus para jogar as sementes do Senhor naquela terra sem fé. Ele rejeitou muitas oportunidades para ir para a Coreia do Sul, e foi para Coreia do Norte, pois era a missão que Deus tinha colocado no seu coração. Embora tenha trabalhado duro, acabou sendo descoberto pelo governo e morreu fuzilado publicamente pela acusação de traição e espionagem em 2006.

Felizmente, em 2001 quando meu pai foi enviado de volta à Coreia do Norte pelas autoridades chinesas, eu fui adotada pela família de um pastor chinês. Mas meu coração estava cheio de maldade e ressentimento. Eu pensava que Deus tinha feito com que minha família falhasse, pois tínhamos vivido bem em Pyongyang. Pensava que Deus tinha tirado meus pais de mim e que Ele era a fonte de toda a minha miséria. Mesmo sendo criada na casa de um pastor, eu não assistia aos cultos no domingo, não orava e me mantinha longe da Palavra de Deus. Mais tarde o pastor e sua esposa tiveram que ir para a América e eu fui para a Coreia do Sul.

Uma noite, quando eu estava no consulado coreano, eu vi Jesus em sonho. Ele tinha lágrimas nos olhos e chegou perto de mim e disse: “Kiongchu, até quando você vai me fazer esperar? Ande comigo. Tudo o que aconteceu contigo foi porque eu te amo muito”. Depois, eu acordei, ajoelhei-me e orei a Deus com as mãos postas — e foi a primeira vez que orei. Naquela noite eu percebi o quanto Deus me ama e se importa comigo.

Deus tem estado sempre comigo. Logo depois da morte da minha mãe na China, eu fui a um restaurante com meu pai. Quando ele saiu para usar o banheiro, fui raptada por uma senhora chinesa-coreana. Havia tantas crianças norte-coreanas na sua casa… Ela pegava as crianças e as vendia como escravas para pessoas no interior. Uma semana antes de nos vender as autoridades chinesas receberam uma denúncia de que as crianças norte coreanas estavam lá e vieram prender todas. Porém, faltava um par de algemas, então falaram que pela falta das algemas, voltariam no outro dia para me pegar e partiram com as outras crianças. Naquela tarde ela saiu e eu a segui. Ela me pediu para esperar um minuto e saiu. Passaram várias horas, mas ela não voltou. Eu estava ainda esperando quando vi meu pai passar na minha frente. Ele tomara o ônibus errado e descera ali e por isso consegui voltar para casa.

Naquele tempo eu era muito nova e não percebia a forma incrível como Deus tinha trabalhado na minha vida. Deus me protegeu e me escondeu num lugar seguro enquanto meu pai estava preso e fora enviado à Coreia do Norte. Deus me ajudou a viver e estudar sem preocupação durante 11 anos mesmo numa terra tão perigosa. Deus me enviou um presente: a família do pastor. Eu senti falta do amor dos meus pais, mas eu fui muito bem cuidada por eles. Quando eu estava indo para Coreia do Sul, Deus estava comigo e me enviou pessoas boas para que eu pudesse chegar de maneira mais segura ao consulado coreano.

No primeiro dia na Coreia do Sul, orei a Deus assim: “Eu entrego tudo e te dou meu coração e este corpo. Por favor, usa-me como quiseres”. Aos poucos Deus começou a responder minha oração. Na verdade, eu não estava interessada na Coreia do Norte; não me importava com isso, mas Deus me deu oportunidades para ouvir e saber como os norte-coreanos estão vivendo e as perseguições pelas quais estão passando. A mensagem mais forte que Deus me deu foi sobre meu pai. Embora ele não pudesse voltar para Coreia do Sul há muitos anos, ele foi usado para o reino de Deus. A razão por que ele voltou à Coreia do Norte foi missões, porque Deus ama os coreanos do norte e se importa muito com cada um. Deus me fez orar pela Coreia do Norte e interceder por eles. Deus fez com que me importasse de coração com a Coreia do Norte.

Seis anos na Coreia do Norte, onze anos na China e um tempo agora na Coreia do Sul… tudo que estudei e experimentei quero dar a Deus para ser usado no seu reino. Claro, neste mundo há muitas tentações. Quando eu cheguei na Coreia do Sul, eu queria ficar com meus amigos aos domingos, ficar em casa e dormir bastante. Queria namorar e usar meu dinheiro para comprar roupas bonitas em vez de dar ofertas. Mas quero ser uma serva de Deus, esvaziar-me dos meus desejos e jogar fora a minha arrogância.

Finalmente, quero dizer que Deus ama muito a Coreia do Norte e chora por esse povo. Peço suas orações por eles. Eu peço, de verdade, a todos aqui que tenham o mesmo coração de Deus e comecem a orar por essa nação mais do que nunca.

Obrigada.

Vivemos num país que goza de liberdade religiosa, mas algumas pessoas podem nos perseguir de maneira velada pela fé em Cristo – e pelo comportamento que buscamos ter baseado no nosso Modelo. Isso já aconteceu com você? Compartilhe a sua história conosco também.

Sem categoria

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *