Por Raquel Lima

Era difícil acreditar que existissem pessoas tão isoladas no meio da Floresta Amazônica. Se antes era algo que eu havia escutado falar, naquele momento eu via como tanta gente ainda precisava de atenção e cuidado. Na cadência da nossa vida até lemos e sabemos, mas não nos damos conta da real condição de sermos um país de dimensões continentais, que nos eleva a certa exuberância natural e abastança, uma vez que temos um quinto de toda a água potável do planeta. A extrema pobreza e ineficiência de um governo falido e corrupto que subestima e ignora a força e dignidade do seu povo também podem ser identificadas entre os ribeirinhos.

O barulho daquele motor ligado a muitas horas, que cruzava com bravura aquelas pequenas vielas entre os igarapés, revelava entre uma mata e outra casas sobre palafitas, inundadas pelo avanço das águas. Comunidades inteiras, plantadas e populosas, emergiam no meio da floresta em completo isolamento, alheias à imensidão do Brasil, com um ritmo, uma rotina, uma identidade e perfil muito próprios.

A pele bem morena, os longos e lisos cabelos negros e o sorriso fácil são características marcantes dos ribeirinhos. A beleza pode ser explorada de muitas formas para onde quer que se olhe. Tamanha foi a benevolência de Deus naquele lugar e foi dessa bondade que surgiu, há anos, o Projeto Amazônia.]

Na primeira parada em terra firme, depois de horas de viagem no barco O Missionário, nos defrontamos com algo para além de uma bela paisagem. Foi surpreendente ver como aquele grupo de missionários e voluntários era recepcionado nas comunidades. Na Amazônia Legal, que engloba nove estados, estão mais de 24 milhões de pessoas, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE. Existe ainda muita gente que clama pela atenção e alcance dos batistas brasileiros que podem expressar o amor de Cristo por meio de diferentes ações.

Até 2020 o Novo Sorriso, uma das ações do Projeto Amazônia, vai erradicar a cárie das crianças ribeirinhas. Em maio de 2017 participei de uma das viagens que excursiona por comunidades de Manaus realizando atendimentos dentários com os missionários-dentistas André e Germana Matheus e voluntários de várias partes do país. Meu papel era fazer o início dos registros da campanha anual, mas acabei atuando em diversas frentes. Acabei aprendendo que fazer missões é deixar-se ser usado por Deus, que escolhe e capacita em qualquer situação e desafio. A graça de Deus que se manifestou salvadora a todos os homens (Tito 2.11) é a mesma que também promovia e promoverá transformações até o fim. A mudança e esperança que se espera só é possível por intermédio de Jesus.

Nota: Conteúdo modificado, publicado originalmente na revista A Pátria para Cristo, nº 275, da Junta de Missões Nacionais, da Convenção Batista Brasileira.

• Raquel Lima, gerente de jornalismo de Missões Nacionais.

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