Marcos AmadoPor Amanda Almeida

A cada manhã do Vocare 2016 os participantes se reúnem para o Upside Down, momento de reflexão, música e informação, para virá-los de cabeça para baixo. Nesse sábado (23) a ministração teve como tema “Missões Transculturais”, com o Pr. Marcos Amado, que foi missionário entre muçulmanos por mais de 20 anos e é diretor do Movimento Laussane para a América Latina.

Para o pastor, existem algumas questões equivocadas na visão tradicional evangélica sobre como entendemos missões transculturais. “Parte delas vêm do fato de que muitos missionários das últimas décadas foram inspirados por biografias dos heróis da fé, que, na maioria dos casos, não mencionavam seus pontos fracos”, apontou Amado, abordando que um dos maiores enganos dessa visão é nos colocar como protagonistas da missão.

Algumas outras, vêm por conta da missiologia ter sido baseada, por muito tempo, apenas em passagens bíblicas que continham mandamentos e ordem específicas, como “Ide e fazei discípulos em todas as nações” (Mt 28:18), e “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15).

Assim, a conclusão é de que, como servos, precisamos seguir a ordem do nosso Senhor em obediência, e que, na visão triunfalista, conquistaremos a terra e nenhum inimigo nos resistirá. Com um vocabulário assim, cheio de metáforas militares, “ainda dizemos que queremos comunicar o amor e a reconciliação oferecidos por Deus em Jesus Cristo”, ressaltou Amado.

“O problema claramente não está nos versículos, nem na evangelização, no ensino, discipulado ou estabelecimento de igrejas”, afirmou o pastor. Para ele, a complicação vem do que tal visão deixa de afirmar. “Cerca de 30% da Bíblia contém mandamentos, e 70% é composta de narrativa, com histórias, profecias, poesias, cartas, e mais. Ao focar só nas ordens diretas, corremos o risco de ter uma interpretação reducionista e parcialmene equivocada”, destacou.

Precisamos incluir toda a narrativa bíblica na atividade missionária, com as passagens que falam sobre o caráter de Deus e o que Ele deseja fazer. Assim abrangiremos a cura das nações conforme prometido em Apocalipse, a benção de Deus a todas as etnias segundo Gênesis, o fato dEle não fazer acepção de pessoas como descrito em Deuteronômio, sua justiça ao órfão, à viúva e ao estrangeiro propostas em Zacarias, e assim por diante. É somente conhecendo e revelando o caráter santo de Deus que poderemos atender ao seu pedido de sermos santos como Ele é.

Em prol de uma missiologia saudável, é necessário também abrir mão de falsas dicotomias, como uma missão antropocêntrica ou cristocêntrica, de posicionamento ideológico de direita ou esquerda, fundamentalista ou liberal. “No coração de Deus não existem tais divisões forjadas por nós. Fazer missões, biblicamente falando, significa ser testemunha de Jesus em todo o mundo e em todas as esferas da sociedade”, declarou Marcos.

Com a cruz de Cristo no centro, os locais da missão não são apenas Jerusalém, Judeia, Samaria e os confins da Terra, mas também o contexto urbano, com a presença de muitos dos não alcançados nas grandes cidades, e o protagonista da ação de pregar o evangelho e fazer discípulos não será o missionário, mas o Senhor. “A missão é de Deus, ele toma a iniciativa, ele é o protagonista, nós somos os coadjuvantes. Não somos dignos, mas somos chamados”, concluiu o pastor.

Você ainda pode acompanhar as ministrações do Vocare 2016 ao vivo em vocare.org.br/aovivo.

• Amanda Almeida é jornalista e integra a equipe de comunicação da Ultimato no Vocare 2016.

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