Por John Stott

“Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto.” (Apocalipse 3.1)

A carta que o Jesus ressurreto ditou a João para ser entregue à igreja de Sardes é a única que não contém nenhum elogio. Sua desaprovação é quase total. Em poucas palavras ele expõe sua falência espiritual: “Você tem fama de estar vivo, mas está morto”. A igreja em Sardes tinha adquirido fama. Ela ficou conhecida pelas outras seis igrejas da província por sua vitalidade. Nenhuma falsa doutrina florescia entre seus membros. Não ouvimos falar de nicolaítas, nem de Balaão ou Jezabel.

No entanto, as aparências são notoriamente enganosas e aquela congregação de alto nível social era um cemitério espiritual. Ela tinha fama de ser vivaz, mas não fazia jus a essa fama. Quando os olhos de Cristo observaram por debaixo das aparências, ele disse: “Não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus” (3.2). Sardes havia adquirido uma reputação diante dos homens, mas não diante de Deus. Essa distinção entre reputação e realidade, entre aquilo que os seres humanos veem e aquilo que Deus vê, é de grande importância. “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1Sm 16.7).

A preocupação excessiva em manter as aparências e uma boa reputação leva naturalmente à hipocrisia, que Jesus odiava. Originalmente, hupokrites era um ator que representava um papel no palco. Com o tempo, essa palavra passou a ser aplicada a qualquer charlatão ou farsante que finge ser algo. A hipocrisia pode contaminar a vida da igreja, especialmente na adoração. Não faz diferença se o culto é litúrgico ou não-litúrgico, se é caracterizado pelo ritual católico ou pela austeridade protestante; a mesma irrealidade pode estar presente. A hipocrisia é fingimento, e uma igreja viva e verdadeira é caracterizada pela sinceridade.

Para saber mais: Apocalipse 3.1-6

Texto originalmente publicado no devocionário A Bíblia Toda o Ano Todo.


Leia mais:
» Carta à igreja de Filadélfia – Missões
» Carta à igreja de Laodiceia – De todo o coração

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