Por Amanda Almeida

Quando Jesus resume a lei de Deus, sua compilação é amar a Deus com todo o nosso ser e ao próximo como a nós mesmos. Não é uma questão de só deixar de fazer algo. Amar é uma ação positiva – que aí sim implicará em renúncias e outras negativas.

Os Dez Mandamentos foram entregues aos israelitas pelo Deus como expressão da sua vontade para o seu povo. E a maioria deles é expresso em uma ordem negativa: “não terás outros deuses além de mim”, “não matarás”, “não darás falso testemunho contra o teu próximo”…

À primeira vista, esses mandamentos podem parecer um compilado de proibições, e contanto que deixemos de fazer aquele apanhado de “nãos”, estamos cumprindo aquela vontade divina.

Mas implícito na ordenança de “não matarás”, por exemplo, deve estar seu contraponto positivo: promover a vida. Além de não darmos falso testemunho, o que Deus quer de nós é que amparemos a verdade.

Quando Jesus resume a lei de Deus, sua compilação é amar a Deus com todo o nosso ser e ao próximo como a nós mesmos (Dt 6.5; Lv 19.18; Mt 22.37-39). Não é uma questão de só deixar de fazer algo. Amar é uma ação positiva –  que aí sim implicará em renúncias e outras negativas.

Muitos autores já frisaram a importância de uma leitura acertada dos Dez Mandamentos. E em várias de suas obras John Stott expôs o antídoto ao pensamento de que “é só não fazer o que Deus não quer”. O trecho abaixo, quando discorre sobre o oitavo mandamento, em Cristianismo Básico, é um desses momentos:

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Furtar é tirar de alguém qualquer coisa que lhe pertença ou lhe seja devida. O roubo de dinheiro ou de propriedade não são as únicas formas de infringir esse mandamento. Sonegar impostos também é roubo, assim como esquivar-se da alfândega ou trabalhar menos horas que o devido. Aquilo que o mundo chama de “esperteza” Deus chama de roubo. Obrigar as pessoas a trabalhar mais e ganhar menos do que lhes é devido é transgredir esse mandamento. Poucos cristãos (ou mesmo nenhum) são escrupulosamente honestos e consistentes em seus relacionamentos pessoais ou profissionais. Como escreveu Arthur Clough:

‘Não matarás’ — mas não é preciso um empenho sincero em preservar a vida;

‘Não furtarás’ — mas isso não é necessário quando é mais lucrativo trapacear.

Esses mandamentos negativos também implicam uma contrapartida positiva. Para a pessoa realmente não matar, ela deve fazer tudo que estiver ao seu alcance para promover o bem-estar e preservar a vida do outro. Não praticar o ato de adultério por si só é insuficiente. O mandamento exige atitudes corretas, saudáveis e respeitosas entre pessoas de sexos diferentes. Do mesmo modo, não roubar deixa de ser uma virtude se a pessoa que não rouba tem um comportamento mesquinho e avarento. Paulo não se contentava com o fato de o ladrão apenas deixar de roubar, ele tinha de começar a trabalhar. Na verdade, ele tinha de continuar trabalhando honestamente até ter condições de ajudar os necessitados.

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Nota
1. Trecho retirado do livro Cristianismo Básico, p. 89 e 90.

• Amanda Almeida, 25 anos. É jornalista na Editora Ultimato.

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