Manifestações: a nova cidadania em rede
7A surpresa dos primeiros dias de manifestação não impediu a proliferação de palpites e experimentos analíticos por sociólogos, jornalistas, economistas, e observadores menos profissionais que se proliferam na vasta blogosfera e nas redes sociais. Não apenas todo mundo queria participar; todo mundo queria tweetar, ver, compartilhar, ouvir e opinar também.
E esse movimento não vai parar tão cedo. Há muito o que fazer para interpretar o fenômeno; e precisamos nos esforçar para interpretá-lo se quisermos responder a ele de forma inteligente – e tanto faz se você é um oponente ou um participante; o fato é que junho de 2013 e a maior manifestação popular da história do Brasil não podem ser ignorados.
O que está acontecendo, e porque está acontecendo desse jeito? Nesse post não vamos nos debruçar sobre todas as questões mais amplas da conjuntura política e até mesmo sobre o sentido das últimas respostas pelo governo e o congresso, mas sobre o tipo de reação política que acabamos de testemunhar. O que é isso, afinal? Uma convulsão, uma catarse social ou algo mais? (mais…)
A baderna de Deus e a baderna dos homens
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No princípio foi disso que a chamaram: “baderna!” Foi assim que a “imprensa vendida” descreveu o movimento. Mas enquanto ela subestimava o povo um sopro de expectativas varreu as redes sociais, insuflando chamas de esperança em alguns, causando arrepios de indignação e desprezo entre outros. Conservadores só viam a baderna e as bandeiras do PSOL, do PSTU e do PCO; a juventude à esquerda viu um futuro, um sentido, um sinal de que estamos vivos e que coisas novas podem acontecer. (mais…)
O Eu, O Corpo e a Ética Sexual Cristã
0O Eu, o Corpo e a Ética Sexual Cristã | labri.org.br/conferencialab…
— Guilherme Carvalho (@guilhermevrc) June 10, 2013
Prostituição e Direito à Saúde: Alexandre Padilha não errou
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Quase não pude acreditar no post de Pedro Serrano publicado no site da Carta Capital (aqui) ontem, a respeito da decisão do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O ministro teria retirado a campanha “Dia Internacional das Prostitutas” devido à pressão dos evangélicos, segundo Serrano. E o articulista afirma que Padilha errou.
O Eu, O Corpo e a Ética Sexual Cristã
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O meu corpo sou eu, ou não sou eu, afinal de contas?
Os espíritas e alguns irmãos neopentecostais dizem que somos espíritos que habitam em corpos — mas isso não pode ser verdade. Afinal, Deus disse a Adão: “Tu és pó”. Então o corpo também sou eu. Estranhamente, no entanto, o apóstolo Paulo, que não era espírita nem neopentecostal, dizia que o seu corpo era a sua “casa”.
Ora, se eu sou meu corpo, mas também posso tratá-lo como a minha casa, então há algum tipo de complexidade em mim; talvez, haja uma dualidade. (mais…)
Pureza e Impureza Sexual
1Há alguns anos (julho de 2008?) eu tive uma conversa estimulante com um pastor, no final de uma palestra sobre educação. Na palestra eu havia mencionado um princípio do pensamento reformacional — a ideia de que não há contradições estruturais na ordem criada. Assim, não há contradição essencial entre, por exemplo, a esfera da justiça e a da moral, ou entre a esfera estética e a esfera da fé, e assim por diante. Porém, uma das minhas alegações fez acenderem luzinhas no painel dos presentes, incluindo no do amigo pastor: a de que não haveria contradição estrutural entre as esferas biológica e psíquica e a esfera moral. (mais…)
Pergunta: por que o estado regula o casamento?
2Lendo uma obra filosófica muito importante sobre a natureza do casamento topei com essa pergunta interessante. Compartilho para estimular a reflexão:
“Imagine um mundo no qual a lei estabelece os termos de nossas amizades comuns: você e um colega de trabalho não poderiam iniciar uma amizade entre suas cabines de trabalho sem primeiro obter aprovação do estado, que poderia negá-la por considerar você novo demais ou desqualificado em algum aspecto. Tendo estabelecida a amizade, você não poderia terminá-la sem permissão do estado. E poderia até mesmo ser forçado a pagar pelos projetos iniciados com amigos agora separados – até à sua morte, e sob ameaça de prisão.
Isso seria uma loucura, e todos vemos porque: amizades comuns simplesmente não afetam o bem comum de formas estruturadas que possam justificar a regulamentação legal. Porque, então, nós – e todas as culturas conhecidas – regulamos legalmente o casamento?”
Girgis, Ryan & George: What is Marriage? New York: Encounter, p. 15.
Em breve mais ideias sobre o assunto!
A Ideia Cristã do Estado
2“Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao SENHOR! Pois os egípcios são homens e não deuses; os seus cavalos, carne e não espírito. Quando o SENHOR estender a mão, cairão por terra tanto o auxiliador como o ajudado, e ambos juntamente serão consumidos.” (Is 31.1,3)
Há uma perspectiva cristã do Estado? Há quem pense que o cristianismo não tem nada que ver com Estado – nem com política; que a religião não tem nada a ver com política. Não no sentido de que a religião não se mescle com a política, pois isso sim, acontece sempre, mas no sentido de que a religião não deveria se misturar com a política nem se intrometer em coisas de Estado. Alguns mais radicais sustentam, inclusive, que a verdadeira política é incompatível com a religião. (mais…)
Morre Edith Schaeffer 1914-2013
0Na sexta feira dia 19 de Abril foi realizado o primeiro serviço fúnebre de Edith Schaeffer (o segundo foi em Rochester) em Gryon, um vilarejo pouco acima de L’Abri em Huemoz, na Suíça. O velório deu-se quatro dias depois do nosso “members meeting” (a reunião de líderes de L’Abri). Para a família foi um misto de gratidão, de dor pela perda, e de alívio já que ela estava muito debilitada há bastante tempo.
Para os obreiros, em geral, foi um evento bastante simbólico. De certo modo a Edith representava a conexão de L’Abri com suas origens. Hoje o único parente de Schaeffer trabalhando em L’Abri é Lisby, neta do casal (filha de Prisca e John Sandri), e esposa de Greg Laughery, o direitor do L’Abri da Suíça. E muito embora vários dos obreiros atuais tenham vivido a primeira geração do trabalho, o fato é que a “era Schaeffer” está passando em L’Abri.
Mas isso tinha que acontecer mesmo, por um lado; outros obreiros, outros países, outra conjuntura espiritual e cultural. Por outro lado, é preciso manter a herança dos Schaeffers e a identidade da nossa missão nessa nova conjuntura, e para tanto o L’Abri precisará ser muito mais intencional. Vários temas já tem sido repensados com um constante movimento Ad Fontes. Exemplos foram alguns temas em debate no encontro de obreiros deste ano: “Schaeffer e a Teologia Natural”, “O Caráter do nosso Trabalho”. Tudo foi discutido com um olho na tradição de L’Abri e outro nos desafios atuais.
De todo modo, o falecimento de Edith me faz pensar em uma lacuna importante: a vitalidade de L’Abri dependia tanto ou mais de Edith do que de Francis Schaeffer. Mas Edith é pouco representada no Brasil; temos quase tudo de Francis em português, e apenas uns poucos escritos de Edith disponíveis. Em L’Abri todos concordam em que manter a herança será lembrar-se sempre do modelo e do ensino de Edith Schaeffer; seria bom que os divulgadores de Francis Schaeffer no Brasil se lembrassem também de sua esposa; ela fornece muito do contexto correto para ler a sua obra.
Pedimos a todos orações pela família de Schaeffer e pelo L’Abri nessa época de transição.
VEJA TAMBÉM:
Obituário no New York Times
Post pelo filho (Frank Schaeffer)
A Regra da Fé
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Em um mundo no qual o mote “viver sem regras” vende filmes, livros de auto ajuda e produtos de alta tecnologia, a ideia de uma “regra de fé” não soa muito bem. Até mesmo em contextos religiosos o discurso sobre uma espiritualidade “sem regras” dá uma sensação de liberdade, de frescor, de algo orgânico e vital.
Mas a vida tem regras; está cheia delas. De leis matemáticas à legislação de trânsito, da biologia humana, que insiste em seguir as mesmas leis sem nenhum interesse especial pelos anseios libertários da cultura hipermoderna à linguagem de programação oculta por trás de uma tela retina de alta tecnologia na qual até uma criança escreve com o dedo. Alguns desses processos são bem mecânicos e intencionais; outros são orgânicos e automáticos; mas as regras estão lá, e não podem ser ignoradas sem que os processos que dela dependem sejam destruídos. E no campo da fé não é diferente. (mais…)