Albert Schweitzer

Li recentemente a autobiografia de Albert Schweitzer Minha Vida e Minhas Ideias e acabei tomado pelo desejo de compor uma canção que expressasse um pouco das coisas belas e relevantes que aprendi. Entre tantas coisas surpreendentes, como sua experiência musical, sua habilidade como teólogo, sua honestidade intelectual e seriedade como pesquisador, o que mais me tocou foi o conceito desenvolvido por ele de reverência pela vida, um fundamento ético para a existência. Esse conceito é mais plenamente explorado e desenvolvido no capítulo 26 do livro Filosofia da Civilização, intitulado “A ética da reverência pela vida”.

Basicamente, seu ponto de partida é: “Sou uma vida que quer viver, entre outros seres vivos que também querem viver”. Outra constatação importante que ele faz: “O mundo está cheio de sofrimento”, e é preciso fazer alguma coisa. As duas implicações fundamentais dessa constatação são: 1) é preciso fazer algo para aliviar o sofrimento dos outros seres vivos; 2) é preciso não ferir, não ameaçar a vida, que já é tão frágil e sofrida.

Eis a canção:

“Reverência pela vida”

Tudo o que respira quer ir vivendo,
Seguir viagem pra algum lugar,
Quer atravessar o vazio do espaço,
Dar mais um passo pra continuar.

Tudo o que respira quer ter seus filhos
Criar sua prole e quem sabe amar.
Levantar seus olhos ao céu aberto
Sob a luz do velho sol cantar
E se encantar

Temos de aprender que a vida é sagrada
E que todo ser merece atenção
Todo sofrimento espera uma resposta, nossa reação.

Há que se cuidar da pétala que chora
Nunca machucar a abelha e sua flor
Proteger o ninho de um passarinho, q’inda não voou [frágil cantador]

Tudo o que respira quer ter a chance
De florescer logo de manhã
Uma borboleta, alegria alada,
E na emboscada a aranha tecelã.

Vida perigosa e tão preciosa,
Sutil mistura, beleza e dor,
Fino fio de seda perdido ao vento
Feito um pensamento só: viver
E deixar viver

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