Um dia, nos Himalaias, Sadhu Sundar Singh ficou sabendo de um lama budista que vivia numa caverna nas montanhas. Ele havia fechado a entrada da caverna com um muro, deixando apenas uma pequena abertura para a passagem do ar. Vivia apenas de chá e cevada tostada. Como já vivia há muitos anos na completa escuridão, ficou cego. Queria ficar ali para o resto da sua vida. Sundar Singh foi visitá-lo e encontrou-o orando e meditando; ficou esperando do lado de fora da caverna, até o lama terminar suas orações. Então perguntou se podia conversar com ele um pouco através do buraco na parede. Primeiro, Sundar Singh perguntou: “O que você tem ganho ao viver uma vida de isolamento e meditação? Buddha não havia ensinado nada sobre um Deus a quem se pudesse orar. A quem ele orava, então?”

Ele respondeu: “Eu oro a Buddha, mas não espero ganhar nada com minha oração nem com minha vida de isolamento. É justamente o oposto, eu procuro libertar-me de todo desejo de ganho. Eu busco o nirvana, a eliminação de todos os sentimentos e todos os desejos – seja de dor ou de paz. Mas ainda vivo em trevas espirituais. Não sei qual será o meu fim, mas estou certo que seja qual for que me falte neste vida, alcançarei na outra”.

Sundar Singh então respondeu: “Certamente seus desejos e sentimentos brotam do Deus que o criou. Eles certamente foram criados a fim de serem satisfeitos, não reprimidos. A destruição de todos os desejos não pode levar ao alívio, mas somente ao suicídio. Nossos desejos não são inseparavelmente ligados à continuação da vida? Até mesmo a idéia da eliminação dos desejos é infrutífera. O desejo de eliminar todo desejo já é em si um desejo. Como podemos encontrar alívio e paz pela simples substituição de um desejo por outro? Certamente, não se acha paz pela eliminação do desejo, mas pelo encontro da sua realização e satisfação nAquele que o criou.

O lama terminou a conversa dizendo: “Veremos o que veremos”.

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