O Espírito Santo e a Bíblia
SÉRIE BÍBLIA: O LIVRO PARA HOJE | Estudo 3
Texto básico: 1Coríntios 2. 6-16
Introdução
Neste estudo do livro A Bíblia: o livro para hoje de John Stott, vamos refletir sobre o Espírito Santo e a Bíblia. Conforme bem expressa Stott, “Até agora, afirmamos que Deus é o autor da Bíblia e que Jesus Cristo é seu assunto principal. Agora, precisamos acrescentar que o Espírito Santo é seu agente” (p. 42). Temos a convicção de que o Espírito Santo é o agente em todo o processo de escrita, transmissão e comunicação da palavra divina através da Bíblia. Mas mais do que isso, ele age na mente e coração humano para nos capacitar a compreender o mistério da mensagem divina.
O texto bíblico para a reflexão é 1Coríntios 2.6-16. Nesse texto Paulo argumenta como a mensagem da cruz revela a sabedoria divina, embora a mensagem é vista como loucura pelos gregos e judeus de sua época. Nesse sentido, há um evidente reconhecimento de que a mensagem do evangelho destoa tanto da mentalidade secular que é preciso o agente divino torná-la compreensível à mente humana e ao modo de pensar da atualidade.
Entretanto, se de um lado a mentalidade e racionalidade modernas criam ruídos na nossa compreensão da mensagem bíblica, de outro, há cristãos que entendem que o Espírito Santo fala diretamente às pessoas, sem a mediação da Bíblia ou qualquer outro instrumento. Por isso, é importante refletirmos sobre como o Espírito Santo comunica a nós a mensagem da cruz por meio da Bíblia.
Neste capítulo Stott aborda como o Espírito Santo primeiramente sonda os mistérios, ele revela a mensagem divina ao ser humano, e é também o inspirador e iluminador.
Para entender o que a Bíblia fala
- Paulo está tratando do contraste entre a sabedoria divina e a sabedoria desta era, e como o Espírito Santo age na mente humana para compreender a mensagem divina. Quais alguns dos principais desafios que você percebe na comunicação da mensagem do evangelho às pessoas hoje?
- De acordo com 1Corintios 2.12, o Espírito de Deus que conhece os pensamentos de Deus está em nós e nos capacita a entender a mensagem do evangelho. Algumas pessoas podem entender isso como uma indicação que não há necessidade de lermos e estudarmos a Bíblia, pois o próprio Espírito em nós nos instrui. Como você responderia alguém que tenha essa compreensão?
- O Espírito Santo não só sonda os corações, mas é também quem revela as verdades de Deus e inspirou os autores bíblicos (1Co 2.13). Veja como Stott explica o conceito de inspiração nas p. 49-50. De que modo essa explicação sobre a inspiração acrescenta ao seu entendimento de como a Bíblia é inspirada pelo Espírito Santo?
- Quais são algumas condições apontadas por Stott (p. 55s.) para obtermos maior consenso no entendimento das Escrituras?
Hora de avançar
Stott afirma:
“A inspiração das Escrituras não foi um processo mecânico. Foi extremamente pessoal, pois envolveu uma pessoa (o Espírito Santo) falando por meio de pessoas (profetas e apóstolos) de forma que, ao mesmo tempo, suas palavras eram deles e as palavras deles eram as suas” (p. 51-52).
Para pensar
É importante ter clareza sobre a ação do Espírito Santo em comunicar a mensagem de Deus a nós, principalmente, por algumas distorções que existem.
Primeiro, é preciso evitar uma visão de uma inspiração extremamente mecanicista da Bíblia. Como alerta Stott (p. 49-50), a inspiração não significa que o Espírito ditou palavra por palavra ao escritor sagrado. O Espírito inspirou homens e mulheres a registrarem aquilo que compreenderam, testemunharam ou ouviram a respeito de Deus.
Segundo, é preciso também ter o cuidado de não desprezar o texto escrito da Bíblia e achar que Deus se comunica primordialmente por visões, sonhos e revelações especiais. Deus fala por meio da Bíblia. Jesus é a revelação máxima de Deus. Conforme declara o autor de Hebreus, Deus nos falou de muitas maneiras no passado pelos profetas, mas nesses dias nos fala pelo Filho. A Bíblia, como vimos, testemunha do Filho.
Terceiro, o fato de o Espírito nos instruir e iluminar não significa que não podemos e devemos nos esforçar em estudar e compreender a Bíblia em sua riqueza literária, linguística, histórica e religiosa. Quanto mais estudamos, mas somos aprofundados no entendimento do que Deus nos revela. Isso significa que quando olhamos para um texto e desejamos compreender o sentido dele, não podemos ficar olhando para o teto como que esperando uma intuição, uma iluminação, e achar que isso é iluminação do Espírito. Devemos nos debruçar sobre o texto e fazer perguntas pertinentes ao texto. O Espírito nos ilumina à medida que investigamos a passagem bíblica.
O que disseram
Charles Kingsley disse em meados do século 19: “Sem palavras, não saberíamos mais sobre os corações e pensamentos uns dos outros do que um cachorro sabe sobre outro cachorro, pois, se parar para refletir, você sempre pensa consigo mesmo em palavras… sem elas, todos os nossos pensamentos seriam apenas desejos cegos, sentimentos que não poderíamos compreender”. (p.51)
Para responder
- Stott declara que “O mesmo Espírito que agiu naqueles que escreveram as cartas apostólicas também agiu naqueles que as leram” (p. 53). Essa ideia está bem expressa em 1Coríntios 2.13-15. Você consegue se identificar com essa verdade bíblica? Teve a experiência de ler a Bíblia antes de sua conversão e não conseguir entender?
- Na sua leitura pessoal da Bíblia, já teve a experiência de reler um texto e obter uma clareza sobre a sua mensagem que não tivera antes? Como você explica essa experiência à luz do que lemos aqui?
- Como o Espírito Santo tem lhe instruído ultimamente a cerca da mensagem bíblica?
Eu e Deus
Deus, eu desejo compreender mais e mais a tua vontade para a minha vida. Que o teu Espírito me instrua por meio da tua Palavra.
Autor do Estudo: John Stott