Igreja: uma comunidade que sofre e reage à oposição

IGREJA: UMA COMUNIDADE QUE SOFRE E REAGE À OPOSIÇÃO

 

Texto Básico: Judas

Para ler e meditar durante a semana
Domingo: Gn 3.15 – Perseguição antiga;
Segunda: Sl 95 – A soberania de Deus;
Terça: Jo 15.18-20 – Inimizade irreconciliável;
Quarta: Tg 4.4 – Amigo de Deus ou do mundo?;
Quinta: 2Tm 3.1-9 – Igreja perseguida;
Sexta: Cl 3.12-17 – Exortai-vos uns aos outros;
Sábado: Mt 5.10-12 – Igreja bem-aventurada

INTRODUÇÃO

>> 1. Cite três das principais formas de oposição que a igreja enfrenta hoje.

Uma das características comuns à igreja de Cristo em todas as épocas é o fato de que ela caminha enfrentando oposição. Nunca houve, e nunca haverá, antes da consumação dos séculos, um tempo em que a igreja de Cristo caminhará sem adversários. Por isso, uma das coisas mais importantes à igreja de Cristo em todas as épocas e lugares é saber como lidar com as perseguições e opressões inimigas. Tratar desse assunto é o propósito desta lição.

I. A CARTA DE JUDAS

>>2. Quem foi o autor e o destinatário, e qual o propósito da Carta de Judas?

A Carta de Judas foi escrita provavelmente por um judeu cristão, que revela conhecer escritos judaicos (v. 9,14). Ao que tudo indica, foi um dos irmãos de Jesus (Mc 6.3). Embora a carta tenha sido direcionada a um grupo específico, íntimo do autor, a quem ele se dirige por “amados”, ela possui uma destinação ampla “aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo (v. 1)”. Isso aponta para o fato de que a mensagem dela atinge as igrejas de modo geral. O objetivo da carta é incentivar os cristãos a batalhar “diligentemente pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos” (v.3) e lutar contra os falsos mestres que estavam infiltrados na igreja – cuja arma principal era distorcer o ensino da verdade (v.4) – e encorajá-los a algumas atitudes diante da Oposição.

II. A IGREJA: UMA COMUNIDADE QUE SOFRE OPOSIÇÃO

>> 3. Por que a igreja está sempre sofrendo oposição?

A primeira lição importante ensinada pela carta de Judas é que a igreja está sempre sofrendo oposição. A linguagem no início da carta sugere que a igreja se encontra envolvida em uma batalha.

A oposição à igreja é resultado da inimizade que há entre Deus e a semente da impiedade. Em última instância, a inimizade do reino das trevas é contra o próprio Deus, e a igreja é atingida por essa hostilidade, por ser o povo que ama a Deus e deseja viver para a sua glória. Essa é a razão da irreconciliável inimizade entre o povo de Deus, e a semente da apostasia. Embora a causa seja única, as estratégias usadas pelo império das trevas para opor-se à igreja são diversas. Nesta lição, dividiremos a oposição do mundo à igreja de duas maneiras:

>> 4. Quais são os dois modos do mundo opor-se à igreja? Explique-os, e cite exemplos de como eles acontecem em nosso país.

A. A oposição externa

Primeiramente, a igreja sofre uma pressão  externa. Parte  da  estratégia  de Satanás é opor-se à igreja e fechar o cerco em volta dela, a fim de pressioná-la a não cumprir  o  seu ministério. Em muitos momentos da história, o povo de Deus foi tolhido de diferentes modos. Essa perseguição, no entanto, não se  dá  apenas mediante  ações  violentas, mas  também  por  táticas  dissimuladas. O  fato  de  não  sermos  perseguidos fisicamente, em nosso país, não significa que  não   estejamos  vivendo  em  um ambiente  de  oposição  e  hostilidade. A história e os valores do reino são questionados e tidos como escória da humanidade nos dias atuais. Todos aqueles que se esforçam por defendê-los, e vivê-los  são  também vistos  desse modo.  Além  disso,  essa oposição  pode  ser  vista  no  cultivo  de costumes  contrários  ao  estilo  de  vida cristão,  e  na  institucionalização  desses costumes por meio da aprovação de leis que  os  autorizem  e  os  incentivem  e planejem até forçá-los sobre os crentes.

B. A oposição interna

Além da oposição externa, a igreja também sofre oposição interna. É  arte das estratégias do reino das trevas utilizar soldados infiltrados para minar as forças da igreja. Jesus já nos advertiu de que joio e trigo crescem juntos (Mt 13.24-30). A igreja deve não apenas estar preparada para lidar com a oposição externa, mas também com a que ocorre dentro dela, dissimulada e ardilosa. No  caso  dos  leitores  da Carta  de Judas,  esse  era  o  tipo  de  oposição  que sofriam. A hostilidade era em relação à Palavra de Deus e seus ensinos. Judas fala de indivíduos que se introduziram com dissimulação  e negavam  o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo (v. 4). É possível que Judas esteja se referindo a um grupo de judaizantes. Eles formavam um  grupo  de  judeus  cristãos  que defendiam  a  tese  de  que  os  gentios convertidos  ao  cristianismo  deveriam, além  de  sua  conversão,  submeter-se  a algumas das leis mosaicas, a fim de receber a salvação. A ênfase era colocada,  sobretudo, na  necessidade  da  circuncisão.  Os judaizantes  não  negavam  que  a  fé  em Cristo era necessária, mas proclamavam, em alta voz, que a circuncisão e a obediência a certos preceitos da lei também o eram (Gl  4.9-10). Esse  era  outro  evangelho (Gl 1.6); uma visão legalista da vida cristã, que acrescentava ao evangelho de Cristo, a necessidade de obediência aos preceitos da lei de Moisés. Não se tratava de uma negação da necessidade e importância de Cristo, mas  de  uma  negação  de  sua suficiência, e da consequente afirmação de um  complemento  à obra  redentora de Jesus.

III. A IGREJA: UMA COMUNIDADE QUE REAGE À OPOSIÇÃO

Diante da presença desses opositores, Judas encoraja a igreja a quatro atitudes:

>> 5. Explique as quatro atitudes que a igreja precisa ter ao combater seus opositores.

A. Não assumir uma atitude de espanto (v. 17-19)

A  primeira  atitude  que  Judas sustenta que a igreja deveria adotar diante da oposição é que ela não se espante com a oposição. Isso está de acordo com a orientação de Pedro em sua primeira carta, quando diz: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4.12-13).

A igreja não deve se espantar com as oposições internas sofridas por ela durante a sua caminhada neste mundo porque a oposição não é algo novo. Nos v. 5-14, Judas mostra que, no passado, o povo de Israel havia experimentado a mesma oposição, e que até mesmo os anjos provaram da sementre da apostasia (v. 5-6). Além disso, a igreja não deveria se assustar com a oposição sofrida, por causa da palavra profética dos apóstolos.

Eles mesmos já haviam alertado à igreja quanto à realidade da oposição. Por exemplo, escrevendo a Timóteo, Paulo orientou ao jovem pastor: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade.

São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles” (2Tm 3.1-9).

B. Não assumir uma atitude de conformismo (v. 3)

Se por um lado, Judas nos orienta a não assumir uma atitude de espanto diante da oposição, por outro, ele afirma que não devemos assumir uma atitude de conformismo diante dela. Isto significa, que embora não devamos nos vitimar diante da perseguição, como se algo sobrenatural estivesse acontecendo, não somos chamados a uma atitude de indiferença diante dela. No início de sua carta, Judas afirma que seu objetivo central é exortar os crentes a que batalhem com todas as suas forças pela fé que lhes foi entregue. Jesus disse certa vez que ele está edificando a sua igreja e que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Essas palavras de Jesus pressupõem não apenas uma ação defensiva da igreja em relação ao império das trevas, mas  uma ação ofensiva em relação a ele. A igreja deve ir contra a oposição fazendo uso dos meios de graça dispostos pelo Senhor da igreja, sobretudo a pregação da Palavra, chamada na Escritura de espada do Espírito (Ef 6.17).

>> 6. Como você pode fazer uso da Palavra de Deus para combater a oposição contra a igreja?

“Esta carta fala ao mundo contemporâneo como falou a todas as eras precedentes. Em nosso século, é normal ser tolerante com qualquer coisa que se denomine cristã, não importa o quão distante esteja do evangelho. É claro que a tolerância é importante, e existe perigo sempre que os cristãos estejam tão seguros de sua própria retidão, e doutrina que passam a se colocar na condição de juízes de todos os que deles divergem, mesmo em questões relativamente pouco importantes. Existem muitas maneiras de olhar para a vida cristã, e o cristianismo autêntico pode encontrar uma variedade de modos [legítimos] de expressão na igreja contemporânea. É importante não se colocar em posição de juiz; é importante tratar como irmãos e irmãs as pessoas cujo pensamento e prática constituem manifestações um tanto diferentes [mas biblicamente sustentáveis] do evangelho autêntico. Judas nos lembra, porém, de que existem limites. A igreja contemporânea deve perceber que é possível remodelar o evangelho de uma forma tão radical que ele perde a sua essência. É possível reinterpretar a vida cristã de tal forma que ela deixa de ser exigente demais e degenera num estilo de vida que não se distingue daquele do mundo. Diante de atitudes assim, as advertências de Judas são de importância permanente” (Introdução ao Novo Testamento, D. A. Carson, Vida Nova).

C. Assumir uma atitude de confiança e esperança (v. 20-21)

Deus é justo (Sl 7.11). Um dos resultados da justiça de Deus é que o Senhor retribui ao ímpio aquilo que corresponde à sua incredulidade e impiedade. Ao apresentar os exemplos passados de oposição, Judas se esforça para mostrar que Deus não deixa impunes aqueles que agem de maneira injusta contra a sua igreja. Há alguns que ele castiga ainda durante esta vida (v. 5), outros ele haverá de punir na eternidade (v. 6). Tendo em vista a justiça de Deus, a igreja é encorajada a assumir uma atitude de confiança e esperança nele.

D. Assumir uma atitude de misericórdia (v. 22-23)

A prática da exortação e do encorajamento mútuos é, vez por outra, apresentada na Escritura como uma característica da igreja de Cristo. Paulo, por exemplo, orienta os colossenses com as seguintes palavras: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16).

Dentre as muitas razões da existência da igreja, está o fato de que ela existe a fim de que possamos ajudar uns aos outros no desenvolvimento de nossa salvação. Por isso, por fim, a igreja é conclamada por Judas a pensar nos irmãos mais fracos, que podem ser influenciados pelos falsos profetas a negociar os princípios da Palavra de Deus e a abandonar a fé. Quanto a esses, a igreja deve procurar ensinar, exortar e animar, a fim de que não se desviem do caminho da verdade.

CONCLUSÃO

A caminhada, da igreja neste mundo, sempre se dará com oposição. Ora essa oposição se manifesta externamente, ora internamente, mas as hostes do mal sempre voltarão suas armas contra a igreja de Cristo. Diante dessa oposição, a igreja não deve se espantar, como se algo extraordinário estivesse acontecendo. Ao mesmo tempo, não deve assumir uma atitude de conformismo, mas deve, isso sim, lutar pela verdade, esperando no Senhor e se esforçando por encorajar os mais fracos para que não caiam na apostasia.

Aplicação

>> 7. O que você faz quando alguém fala da igreja com desdém, por causa da disseminação do falso evangelho?

>> 8. Quando as casas de leis do país se levantam para aprovar leis contrárias aos princípios da Palavra de Deus, você se sente atingido? E o que você faz?

>> 9. De que modo você poderá intensificar sua luta pela verdade?

Há muitos crentes que não sentem mais  a  oposição  contra  a  verdade. Eles estão  tão distantes da  igreja  e  tomados pelo individualismo de nosso tempo, que sofrem com as oposições no trabalho, na escola, contudo, não se sentem perseguidos  quando  a  igreja  de Cristo  é  perseguida. Você está entre esses? Assuma suas armas e batalhe pela fé cristã, fazendo uso dos meios de graça deixados pelo Senhor, vivendo de acordo com eles. E lembre-se de  seus  irmãos. Há muitas  pessoas próximas a você que estão sendo tentadas a dar ouvidos aos opositores e a mudar de exército. Há  jovens  ao  seu  lado  sendo tentados a abandonar a fé na Palavra de Deus  pelo  que  eles  têm  aprendido  na escola. Há  casais  ao  seu  lado  sendo tentados a dar um fim no casamento, por causa da influência recebida pelas novelas da TV.  Lembre-se  de  que  você  é  um missionário. Esteja atento às  necessidades de  seus  irmãos. Encoraje-os. Corrija-os com amor. Anime-os, a fim de que eles tenham seus pés fortalecidos no caminho do evangelho.

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Cartas aos Líderes das Igrejas e Cartas Gerais. Usado com permissão.

 

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