Tratamento radical contra o pecado

TRATAMENTO RADICAL CONTRA O PECADO

 

 

Texto Básico:  1 João 1.5-10

Texto Devocional:  1 Coríntios 10.1-13

Versículo-chave:  1 João 1.9
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”

Alvo da lição:
Levar o aluno a uma reflexão acerca da realidade do pecado na vida de crentes em Jesus e da necessidade de confissão, arrependimento e santidade.

Leia a Bíblia diariamente:
S – Jo 3.16-21
T – Is 1.1-12
Q – Rm 1.28-32
Q – Rm 3.9-18
S – Rm 6.10-23
S – Sl 42.1-11
D – Sl 51.1-11

Introdução

O texto que estudamos na lição passada fala de comunhão e, especial­mente, comunhão com Deus, mas a mensagem clara dos versículos do texto básico desta lição é que não é possível ter comunhão com Deus e com o pe­cado ao mesmo tempo. Deus deixou isso claro desde o Éden: havendo o homem cometido o pecado, fazia-se necessário seu afastamento da presença de Deus (Gn 3). Todo o Pentateuco e os livros históricos deixaram clara a posição assumida por Deus, por meio de Suas exigências de santidade para o Seu povo. Os profetas anunciaram essa verdade: “os vossos pecados fazem sepa­ração entre vós e o vosso Deus” (Is 59.2). Todo o Novo Testamento faz sentido a partir dessa crença fundamental de que “o salário do pecado é a morte (separação de Deus), mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6.23). Embora esses textos sejam bastante usados no trabalho de evangelização, precisamos nos conscientizar de que seu ensino se aplica também a todos nós: “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1Jo 1.5)

I. O conteúdo da mensagem (1Jo 1.5)

Não é incomum ouvir um irmão ou irmã se lamentando do padrão de exigência cobrado do crente. Parece que “todo mundo faz isso, e ninguém diz nada, mas basta o crente fazer qualquer coisa errada, e todo mundo começa a comentar e cobrar”. Embora isso pareça um tanto injusto, é natural que seja assim. Quem está nas trevas vive e pratica aquilo que lhe é próprio sem nada lhe ser cobrado, pois as man­chas não são vistas nas trevas, mas quem se chega para a luz tem sua vida expostadiante da luz do evangelho de Cristo. Essa ideia é ainda mais desenvolvida em João 3.16-21 (por favor, leia esse texto). Quando as obras são más, é natural que se prefiram as trevas “a fim de não serem arguidas as suas obras”, mas “quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus”.

O perigo de tornar a bênção da comunhão verdadeira em um simples ajuntamento é muito grande. Nossas reuniões, nossos eventos e mesmo nos­sos atos religiosos serão absolutamente inúteis sem a presença abençoadora de Deus, nosso Senhor. E o conteúdo da mensagem é claro: havendo pecado (trevas), não há presença de Deus! As pessoas podem ir à igreja como alguém que apenas pisa nos átrios de Deus (Is 1.12), podem orar como quem faz “vãs repetições”, como alguém que apenas diz “Senhor, Senhor” (Mt 7.21), mas não entra no Reino de Deus. Há a possibilidade de se achegar à palavra de Deus, simbolizada na Bíblia por um es­pelho, e voltar para ser como era antes, sem nenhuma mudança (como quem olha no espelho no escuro e nada vê!). Os crentes não podem ser enganados.

1. A mensagem do evangelho que ouvimos é que Deus é luz, e Nele não há trevas.

2. A mensagem que pregamos na condição de igreja evangélica é essa também (ou seremos pregadores de um evangelho falso).

3. A mensagem que faz diferença em nossa vida com Deus e nos chama à santidade também é a mesma!

II. Três afirmações perigosas (1Jo 1.6-8, 10)

1. Negação do poder do pecado (1Jo 1. 6-7)

O primeiro grande perigo apon­tado no texto é o de acreditarmos que pecado não é coisa séria. Sendo o temor do Senhor o princípio da sabedoria, não há dúvida de que a falta de temor do Senhor é o princípio da queda. É como alguém que não consegue entender o poder do fogo e se queima; não percebe o perigo da serpente venenosa e se dei­xa picar por ela. Não entende quanto o pecado é extraordinariamente perigoso.

A Bíblia não deixa dúvida quanto à ação do pecado. Desde os dias do prin­cípio da raça humana, o Senhor alertou Caim acerca do perigo do pecado (Gn 4.7), da mesma maneira como o Senhor Jesus alertou Pedro da ação do Inimigo (Mt 26.31-36). Somos ensinados a orar pedindo ao Senhor que não nos deixe cair em tentação, e aprendemos que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Ainda assim, podemos cometer o erro primário de não entender a seriedade da situação e achar que o pecado não tem toda essa força, e “brincarmos com Deus”, da mesma maneira como o povo de Israelfez no deserto – e perdeu-se toda aquela geração (por favor, leia 1Co 10.1-13, especialmente o versículo 9: “não po­nhamos o Senhor à prova”).

2. Negação da natureza pecaminosa (1Jo 1.8)

Outro perigo muito sério que ataca especialmente os crentes é o de acharmos que “não temos pecado”. Chegamos a acreditar tolamente que pecado é come­tido apenas pelos descrentes, ou que só se pode considerar como pecado certos tipos grosseiros de desvios morais ou vícios perigosos. Chegamos a ponto de acreditar que “não temos pecado nenhum”, tornando-nos verdadeiros mentirosos.

Jamais podemos perder de vista que o que nos diferencia do mundano não é a ausência de pecado (“pois todos pecaram” – Rm 3.23), mas o fato de termos aceitado o plano salvador de Deus em Cristo Jesus. Não há pecado­res e não-pecadores, mas unicamente pecadores que encontraram ou não o caminho para o arrependimento. Esse fato deve nos ensinar uma vida humilde diante de Deus e sempre vigilante dian­te das inúmeras tentações, pedindo ao Senhor que nos livre do mal (Mt 6.13). Veja ainda o testemunho do apóstolo Paulo, em Romanos 7.15-25.

3. Negação das ações pecaminosas (1Jo 1.10)

A terceira afirmação perigosa é ainda mais sutil: “eu entendo que somos pecadores (é claro que eu sei disso!), apenas estou dizendo que não faço essas coisas”. Ainda que pareça incoerente, esta é nossa prática tantas vezes: reafirmamos nossa condição de pecadores e até alimentamos uma postura humilde diante da santidade de Deus, mas não estamos dispostos a nos humilhar perante a mão de Deus. Um exemplo clássico desse fato está registrado na história de Davi quan­do confrontado pelo profeta Natã (2Sm 12.1-15 e Sl 51): ele se mostra ético e sério quando se falava sobre a maldade cometida por alguém, mas não percebia que ele mesmo era o sujeito da ação – o pecador. Por isso, ele começa sua mudança de vida dizendo que Deus está certo no falar e puro no julgar – Davi admite o seu pecado (Sl 51.4).

Um de nossos grandes desafios diários está em pedir ao Senhor que nos sonde e veja se há em nós algum caminho mau, da mesma maneira como fez o salmista (Sl 139.23-24).

III. A solução: confissão (1Jo 1.9)

Um dos nomes usados na Bíblia para descrever Satanás é “acusador”: ele é o grande acusador dos homens, porque na fraqueza e na vergonha dos homens está a porta para desonrar o Deus verdadeiro. Além disso, Deus colocou dentro de nós um elemento que chamamos de consciência que nos serve de alerta para a existência do pecado (veja ainda Rm 5.20). Do outrolado, também o Espírito Santo de Deus trabalha para nos “convencer do pecado, da justiça e do juízo” ( Jo 16.8). Isto é, de todas as maneiras somos alertados para o fato do pecado (Rm 3.10). O fator que diferencia a ação de Deus em nós para aquela operada pelo grande inimigo de nossa alma está no objetivo da ação: o Espírito Santo mostra o nosso pecado para mostrar o caminho do arrependi­mento e nos levar de volta para Deus.

Enquanto negamos o pecado ou lhe damos outro nome que amenize sua ação malévola, somos facilmente levados ao engano de um convívio continuado com os seus efeitos mor­tais, sem esperança de mudança – caminhamos da morte para a morte da mesma maneira como “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7). Desse modo, corremos o risco de viver con­denando os que estão no mundo, mas vivendo da mesma maneira como eles vivem (Rm 2.3), na prática do pecado: “cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo di­famadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais” e assim por diante (Rm 1.29-31). Que fazer com essa situação?

O que fazer com essa situação? O caminho bíblico é claro e objetivo: não há outro caminho além do arrependi­mento! Temos que confessar nossos pecados para podermos ser beneficia­dos pela ação amorosa do Senhor, “fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).

Conclusão

Não é possível crer no evangelho sem crer no fato do pecado, pois o evan­gelho é exatamente as boas-novas de salvação para o pecador – a mensagem que ouvimos (v.5). Diante do fato de que não há trevas em Deus, estaría­mos irremediavelmente distanciados Dele, pois somos afetados pelo pecado em todas as suas dimensões (Is 1.6). “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7.24-25). Quanta bondade em nos­so Deus e Senhor que, conhecendo nossa natureza e nossa impossibilidade para agradá-Lo, nos enviou Seu Filho para que Nele encontremos paz com Deus!

Profundo sentimento de humilda­de, alegria e amor deve tomar conta de todo o nosso ser diante da obra extra­ordinária de Cristo na cruz. Da mesma maneira, devemos tomar um profundo compromisso no sentido de viver de modo digno do Senhor, para o Seu inteiro agrado, de modo que o Seu nome seja honrado em nossa vida e em todo o nosso procedimento: “como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.2).

Autor da lição: Pr. João Batista Cavalcante
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Vivendo no Amor de Deus”, da série Adultos. Usado com permissão.

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