1

Enquanto o pecado é definido como “qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei”, a retidão é exatamente o oposto – a conformidade com a lei, a mente e a vontade de Deus, expressas em sua Palavra. “O caminho dos retos é desviar-se do mal” (Pv 16.17), o que Jó fazia com regularidade (Jó 1.1-8 e 2.3). O homem reto, disse um menino da roça, com simplicidade e sabedoria, é aquele que anda na linha.

 

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Textos como o Salmo 15, Isaías 1 e Miquéias 6 mostram a retidão que Deus exige. A força desta exigência acha-se nas palavras: “Sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). A discrepância entre Deus e o homem terá que ser sanada com a correção da parte que falhou. Deus não pode deixar de ser santo só para fazer desaparecer esta divergência moral. Mas o homem pode e deve ceder para se colocar no caminho da retidão.

 

3

Viver em retidão não é comum nem fácil. Primeiro, porque a natureza do homem está corrompida desde o ventre materno. Segundo, porque a influência do meio é hostil à retidão e quase ditatorial. Terceiro, porque há de fato um ser extraterrestre, de índole devastadora, que exerce certo domínio sobre o homem. Não obstante, a retidão ainda é requerida, ainda é possível, ainda é mais o mais excelente caminho.

 

4

A Bíblia ensina que só pela graça de Cristo, sem qualquer mérito pessoal, o homem pode, pela fé, apropriar-se legalmente da justiça ou retidão de Jesus. Trata-se, obviamente, de uma retidão importada, que vem de Deus, que é recebida como presente, e tem por base o sacrifício de Jesus. Assim Deus, por amor, perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada.

 

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Todavia, esta retidão em Cristo não deve provocar relaxamento moral em você. Ao contrário, encoraja-o e fornece-lhe meios de graça para tornar o seu procedimento cada vez mais próximo de sua posição legal diante de Deus. O pecador justificado por meio da fé não está isento de admoestações deste teor: “Não reine o pecado em vosso coração mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Rm 6.12). A retidão imputada deve ser mantida.

 

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Mesmo sendo difícil, a retidão é altamente compensadora. Ela facilita a comunhão com Deus. Ela coloca o homem no caminho que não conhece tristeza pelo pecado, remorso, arrependimento e aborrecimento. Ela deixa um rastro de luz, que ilumina os que vêm atrás. São “bem-aventurados os que guardam a retidão e o que pratica a justiça em todo o tempo” (Sl 106.3). Não são os limpos de coração que verão a Deus (Mt 5.8)?

 

Texto originalmente publicado na edição de outubro de 1979 da Ultimato.

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