Não à sobrecarga. Sim às coisas essenciais

1. Chama-se de sobrecarga a carga excessiva, aquilo que se adiciona à carga. Porque provoca desequilíbrio, desgaste prematuro, desânimo e indolência, a sobrecarga não tem a sanção divina. O mais admirável convite de Jesus é dirigido aos sobrecarregados: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

 

2. O Senhor condenou a atitude das pessoas que gostam de complicar, dificultar, exigir mil e uma coisas desnecessárias. São os escribas e fariseus de seu tempo e seus dignos representantes de hoje, que “atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” (Mt 23.4).

 

3. A demasiada preocupação com as necessidades básicas da vida e com o futuro próximo ou remoto mereceu de Jesus severa condenação: “Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.34). O que ele quer impedir é a sobrecarga – a soma das dificuldades de hoje com as dificuldades futuras.

 

4. O primeiro concílio da Igreja Cristã, realizado em Jerusalém, nos dias dos apóstolos, votou uma moção contra a sobrecarga: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além de certas coisas essenciais” (At 15.28). Não se tem o direito de eximir os cristãos de determinadas responsabilidades nem de sobrecarregá-los de certas coisas transitórias.

 

5. O apóstolo Paulo dá a sua palavra de que “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças”. E se a tentação se aproxima, juntamente com ela virá também o livramento, “de sorte que a possais suportar” (1Co 10.13). De acordo com este ensino, ninguém é esmagado pela tentação. Deus simplesmente não permite este tipo de sobrecarga.

 

6. No discurso de Jesus sobre a videira e os ramos, ficou bem claro que os discípulos não devem ficar sobrecarregados com a produção de frutos. Estes são a decorrência do trabalho de uma equipe: o Pai é o agricultor, Jesus é a videira e os discípulos são os ramos. A única e séria preocupação é permanecer na Videira. O resto é espontâneo, vem naturalmente, sem sobrecarga.

Texto originalmente publicado na edição de novembro de 1980 de Ultimato, na seção “Quadro de avisos”.

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