A respeito das dificuldades
1.
As dificuldades que você enfrenta podem ser ocasionais, periódicas ou constantes. Repare no que registra Lucas a propósito da tentação de Jesus: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno” (Lc 4.13). As dificuldades periódicas estão relacionadas com certas mudanças fisiológicas. Por exemplo, a maioria esmagadora dos crimes femininos é cometida durante períodos de menstruação, gravidez e menopausa. Já a esperança de algo como o espinho na carne a que se refere Paulo (2 Co 12.7-10), produz uma dificuldade permanente.
2.
Você adquire sabedoria para enfrentar as dificuldades se souber a origem delas. Não se esqueça de que “o mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.19). Esta é uma informação das mais preciosas. A Bíblia diz que Satanás é o homem forte do sistema, “o príncipe da potestade do ar”, aquele que atua sobre “os dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 2.2; 6.12). Isto quer dizer que a estrutura toda está danificada e o ambiente no qual você vive é hostil. Dele fazem parte a mentira, a injustiça, a maldade, a violência e coisas semelhantes. O curso deste mundo não o ajuda em nada.
3.
Outro forte gerador de dificuldades é o seu próprio pecado, “pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Jamais esqueça desta lei natural e implacável. Talvez você estranhe e veja nisto alguma injustiça, mas o pecado dos outros também o atinge. Não é difícil tomar consciência deste fato. O pai que peca infelicita os filhos; o legislador que redige leis em causa própria prejudica o povo; o governante que se corrompe perturba a nação; o empregador que explora oprime o trabalhador. E o que estes fazem contra aqueles produz o mesmo resultado, pois vivemos todos em sociedade.
4.
A maneira como você enfrenta as dificuldades é muito importante. Há soluções inadequadas, que complicam e endurecem os problemas. São soluções acatadas e difundidas pelo mundo, mas contrárias ao espírito do cristianismo. Se o casamento vai mal, a solução cristã não é a separação dos cônjuges, mas a aplicação dos princípios básicos contidos nas Escrituras Sagradas. Se alguém o maltrata, a solução cristã não é a prática da vingança, mas a entrega da ofensa e do ofensor nas mãos de Deus, para que Ele mesmo, em dose certa, exerça a justiça. E assim por diante.
5.
Entre as soluções adequadas estão a paciência, a absoluta confiança em Deus, a capacidade de esperar – “Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5) -, a saúde do espírito e,sobretudo, aquilo que é bom chamar de cordão umbilical. Este cordão é o que liga positivamente a Deus. Por meio dele você recebe a vida, energia, força, poder e virtude. Jesus Cristo menciona isto na reunião de despedida, e usa outra figura: “Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim” (Jo 15.4).
6.
Para que as dificuldades sejam mais leves, menos resistentes e mais passageiras, evite certos sentimentos muito comuns, mas terrivelmente nocivos. Não generalize, não seja ingênuo, não se revolte, não acredite em varinha de condão, não traga para o presente a lembrança de aflições já passadas, não fique ansioso e não tenha pena de você mesmo. Faça como Paulo: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14). Esqueça e avance!
Texto originalmente publicado na edição de março de 1982 de Ultimato, na seção "Quadro de avisos'.
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