Se alguém confessa publicamente que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. (1 João 4:15)

A confissão de fé é mais do que uma obrigação. É uma explosão que não se pode conter e se manifesta repetidas vezes ao longo da caminhada cristã por meio da palavra e das mais espontâneas e variadas atitudes do crente verdadeiramente convicto.

Repetidamente

Existe confissão de pecado e confissão de . São duas coisas distintas.

Ambas fazem parte da carreira cristã. A confissão de pecado é a prática de colocar-se contritamente na presença de Deus para se declara culpado de pecados pessoais e específicos com o propósito sadio de obter perdão e purificação, mediante a obra vicária realizada por Jesus Cristo. A confissão de fé é a prática de colocar-se convictamente diante de Deus e diante dos homens para se declarar proprietário de crenças pessoais a respeito da salvação e do senhorio de Jesus Cristo. Tanto a confissão de pecado como a confissão de fé não se limitam a uma única vez. A primeira confissão de pecado e a primeira confissão de fé serão necessárias ao longo da vida religiosa para manter a higiene da alma e para manter a bagagem doutrinária.

Explosão

A fé começa no íntimo. Mas não para aí. Se for autêntica, ela acaba se exteriorizando. Pela palavra e pelo testemunho de vida. Ela rompe as paredes da privacidade e se mostra aos outros. Daí a explicação de Paulo “Com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.10). Este fenômeno da-se historicamente o nome de confissão de fé. É isto que aconteceu com a mulher samaritana quando deixou o cântaro junto á fonte e correu á cidade para anunciar Jesus aos homens de Sicar. “vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito” (Jo 4.29). É isso que aconteceu também com o ladrão que se converteu no dia da morte de Jesus (lc 23.39-43). A fé verdadeira é incontrolável. Ela tem que aparecer. Ela não consegue ficar presa. Ela precisa explodir.

A boa confissão

Enquanto a confissão de pecados é primariamente um ato privado, dentro de quatro paredes, a confissão de fé é fundamentalmente um ato público “perante muitas testemunhas” (1Tm 6.12), A confissão de fé é um dos elementos mais importantes da evangelização e chega a se confundir com esta preocupação em levar aos outros as boas novas da salvação em Cristo. A declaração de fé em Jesus de Paulo deixava atônitos muitos judeus e gentios porque eles conheciam sua conduta anterior. A respeito de Paulo, Jesus explicou ao receoso Ananias: “este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At 9.15). Paulo teve a oportunidade de fazer sua confissão de fé perante o povo amotinado de Jerusalém “ (At 22.1-21), perante o governador Felix (At 24.10-27) e perante o rei Agripa (At 26.1-32) cumprindo assim a sua vocação. O próprio Jesus fez a boa confissão diante de Pôncio Pilatos (Tm 6.13; Jo 18.37).

Por palavras e por obras

A confissão de fé não se destina exclusivamente a dar testemunho exclusivamente a dar testemunho da verdade. Ela é útil ao próprio declarante. Reafirma o conteúdo de sua fé. Renova-lhe a certeza, a convicção, a esperança, o vigor, o entusiasmo e a alegria. Ajuda-o a superar pequenas ou grandes crises de fé, ocasionadas por qualquer descuido ou por situações novas, nas quais a presença de Deus não parece tão marcante. Assim é que, em meio a todos os seus infortúnios, Jó fez sua profissão de fé: “Eu sei que o meu redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). Nessa mesma linha estão as diversas confissões do salmista (Sl 40.1-3, por exemplo), a confissão de Habacuque (Hc 3.17-19) e a confissão de Paulo quando metido Numa cadeia em Roma (2Tm 1.12).

A confissão de fé não se faz só por meios de palavras. Há atitudes que revelam a fé interior, com mais propriedade do que as palavras. É ocaso de Davi, quando entrou no templo e adorou ao senhor, logo após a morte da criancinha que ele gerou de Bate-Seba (2Sm 12.20-23). É também o caso dos amigos do paralítico de Carfanaum que removeram parte da cobertura da casa onde se encontrava Jesus para fazer chegar até ele o amigo que precisava de cura e perdão (Lc 5.17-26).

Trecho originalmente publicado no livro Teologia Para o Cotidiano.

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