A criação do mundo é uma questão científica e uma questão religiosa. É uma questão científica porque envolve a ciência. É uma questão religiosa porque envolve a pessoa de Deus. Enquanto a ciência só se preocupa com a criação, a religião se preocupa com o Criador e com a relação da criação com o Criador.

A história religiosa da criação aparece nos dois primeiros capítulos da Bíblia (Gênesis 1 e 2) e é uma história de suma importância. Não pode ser de forma alguma renegada. Ela contém uma riqueza enorme, que precisa ser aproveitada intensamente. Ela desempenha o papel de uma bússola, apontando sempre para Deus.

1. A história religiosa da criação nos leva ao princípio.
Está escrito: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Somos conduzidos ao passado mais remoto, mais distante do dia de hoje, ao marco zero da história.

2. A história religiosa da criação nos leva a Deus.
Está escrito: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Somos conduzidos à sua eternidade, à sua unicidade, à sua sabedoria, à sua glória, ao seu poder, ao seu amor. Deus é o sujeito de todos os verbos que aparecem no texto, a começar com o verbo “bara” (criar do nada). O nome de Deus aparece quarenta vezes.

3. A história religiosa da criação nos leva ao tempo.
Está escrito: “Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1.5). Somos conduzidos à sucessão das horas, dos dias, dos anos. À noção do passado (ontem), do presente (hoje) e do futuro (amanhã). Até então só havia a eternidade (ausência de princípio e fim).

4. A história da criação nos leva à perfeição.
Está escrito: “Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Somos conduzidos ao tamanho, à quantidade e à qualidade, à variedade, à ordem, à beleza, à majestade das coisas criadas e à multiplicação das espécies (flora e fauna).

5. A história religiosa da criação nos leva ao êxtase.
Está escrito: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das tuas mãos” (Sl 19.1) e “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste” (Sl 139.14). Somos conduzidos à admiração, ao encantamento, ao arroubo, ao assombro, ao arrebatamento íntimo.

6. A história religiosa da criação nos leva à adoração.
Está escrito: “Vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhemos diante do Senhor que nos criou” (Sl 95.6) e “Louvai-o pelos seus poderosos feitos; louvai-o consoante a sua muita grandeza” (Sl 150.2). Somos conduzidos à genuflexão, ao culto, à exaltação do caráter de Deus e da imensidão da criação.

7. A história religiosa da criação nos leva aos nossos antepassados.
Está escrito: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Somos conduzidos ao primeiro reprodutor e à primeira matriz da espécie humana, aos primeiros pais, ao último cimo de qualquer árvore genealógica, ao casal Adão e Eva.

8. A história religiosa da criação nos leva à monogamia.
Está escrito: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gn 2.18, BLH). Somos conduzidos a uma relação a dois. Embora o desafio fosse de encher a terra (Gn 1.27), Deus fez um reprodutor e uma matriz.

9. A história religiosa da criação nos leva à heterossexualidade.
Está escrito: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Somos conduzidos à relação carnal entre homem e mulher, e não entre homem e homem nem entre mulher e mulher. Daí a declaração de Paulo de que a relação homossexual é contrária à natureza (Rm 1.26-27).

10. A história religiosa da criação nos leva à responsabilidade.
Está escrito: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn 1.28). Somos conduzidos à obrigação de refletir o caráter de Deus, uma vez que somos sua imagem e semelhança, e à posição de mordomos.

Texto originalmente publicado na edição 260 de Ultimato.

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