Por Andrea Espírito Santo Barrett

Fui para a igreja aos 6 anos de idade. Desde então passei a amá-la. Nossa igreja era bem pequena, na periferia da cidade e foi minha melhor escola: lá aprendi instrumentos musicais, idiomas e comecei a sonhar em ser uma professora da Escola Bíblica Dominical (EBD). Aos 17 anos, ouvi uma irmã pregar sobre o trabalho com indígenas na Amazônia. Claramente Deus me chamou para missões ali. Essa irmã me orientou sobre orar e esperar Deus mostrar mais da sua vontade. Ela se comprometeu em orar por mim, e disse que sua mãe intercessora também oraria. Aquilo foi muito importante para mim. Eu tinha muitos sonhos pessoais, mas eu também tinha muitos sonhos ministeriais, eu já servia na igreja local e desejava me tornar uma pregadora.

Muito tempo passou e eu servia na igreja e na denominação na região. Terminei a faculdade de fisioterapia e queria saber “como eu poderia servir mais”. Fui a um congresso missionário e conheci um projeto que levava jovens por um ano para viver juntos em lugares desafiadores da América do Sul. Participei de uma das viagens e a experiência foi um divisor de águas. No ano seguinte, tive a oportunidade de participar de uma viagem de curto tempo em Angola e por 3 meses em Guiné Bissau, enquanto estudava teologia e missiologia.

Em 2008, quando tinha 28 anos, eu conheci crianças bem pequenas, vítimas de abuso sexual infantil. Desde então comecei a orar para Deus me mostrar o que eu poderia fazer para mudar essa realidade. Recebi um convite para servir como assistente da missionária Terezinha Candieiro, diretora do PEPE (Programa de Educação Pré Escolar) e neste trabalho conheci o tema da Proteção à Criança – a resposta à oração de um ano atrás. A partir de então, estudei e me aperfeiçoei a respeito do assunto. Em 2015, pude servir na Ásia com a agência Interserve Brasil nessa área. Voltei ao Brasil dois anos e meio depois e comecei a dar aulas sobre prevenção de abuso sexual infantil. Desde 2009, eu havia aprendido sobre como falar com as crianças de maneira lúdica sobre sua autoproteção. Em 2020 escrevi a revista “Deus me criou, vou proteger meu corpo” que visa ajudar professores de EBD a falarem com as crianças, através de jogos, sobre autoproteção.

No PEPE e mais ainda na Ásia, pude conhecer a Política de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA), que é um documento diretriz para que a igreja (e instituições que atuam com crianças) possa minimizar os riscos de abuso dentro de seus espaços e entre suas equipes. Hoje sou facilitadora de elaboração de PPCA. Atuo em tempo integral na área de proteção à criança dando aulas, sendo mentora, participando de grupos de trabalho como na Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) onde estamos inaugurando um Departamento de Proteção. No fim de 2017, iniciei um projeto que hoje é uma escola online, o Espaço de Proteção, fruto de sonhos durante o tempo que trabalhei na Tailândia.

Nesse ano de 2022 minha vida mudou outra vez. Eu me casei e vim morar em Porto Rico. Deus me deu uma bolsa integral para um mestrado em educação online com uma universidade Batista nos Estados Unidos e tem me permitido continuar servindo organizações brasileiras de forma remota na área de proteção à criança. Continuo sonhando e crendo que Deus coloca sonhos no nosso coração para que Ele seja glorificado. Estou curiosa para saber os próximos sonhos e planos de Deus para nós, e tenho uma certeza, que de alguma maneira desde a infância eu já tinha: podemos sonhar porque temos futuro certo nas mãos do nosso Pai. Ele já está lá no futuro cuidando do que Ele nos chamará para fazer.

  • Andrea Espírito Santo Barrett, recém-casada com Andrew, mestranda em educação pela California Baptist University, fundadora do Espaço de Proteção. Atua em tempo integral na área de Proteção à Criança, autora de diversos cursos na área e da revista “Deus me criou, vou proteger meu corpo”.

Saiba mais:

» Prevenção ao abuso sexual
» A Criança, a Igreja e a Missão

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