Em resposta à repercussão sobre o caso de John Chau, a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMBT) e o Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI) reitera respeito à autonomia dos povos minoritários, mas reforça liberdade de escolha dos indivíduos

 

 

“Vocês podem pensar que sou maluco por fazer isso. Mas acho que vale a pena declarar Jesus a essa gente”. Foi assim que o jovem John Allen Chau, em carta enviada aos seus pais, descreveu sua vontade de levar o evangelho de Cristo a uma tribo isolada que vive na ilha de Sentinela do Norte, no sudeste asiático. Tendo sido morto por flechadas no contato com o povo local, em 16 de novembro do ano passado, a história do missionário de 26 anos virou notícia no mundo inteiro, suscitando grande debate sobre a evangelização de povos minoritários.

O jornal El País caracterizou a atitude de Chau como “aventura perigosa”, afirmando que ele estava “determinado a cristianizar a comunidade local” e “colocou em risco a saúde do povo indígena”. Em matéria sobre o caso, a BBC entrevistou uma ex-missionária, que considera o trabalho abandonado por ela como “supremacia branca” e “colonização”. Diversos veículos de imprensa noticiaram o acontecimento, com o viés de reprovação prevalecendo nas abordagens.

Em resposta à repercussão do caso, a AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras) e o CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas) soltaram, juntos, uma nota de esclarecimento sobre as ações missionárias evangélicas entre os povos minoritários  aqui do Brasil. Nela, as entidades reconhecem “a autonomia dos grupos minoritários quanto às suas tradições”, rechaçando ações impositivas tanto de iniciativa pública quanto privada.

No documento, a liberdade de escolha para promover mudanças em seu modo de vida é visto como parte da autonomia desses grupos. “Entendemos que essa autonomia implica também na liberdade de escolha por manutenção ou mudança em toda a esfera da vida, incluindo tradições, práticas e crenças. Tal liberdade deve ser igualmente respeitada à luz da Convenção número 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a qual assegura que ‘os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades fundamentais sem obstáculos nem discriminação…’ (Art. 3 §1)”.

A nota também esclarece que evangelização é diferente da catequese da época colonial. “A catequese é impositiva, unilateral e coercitiva. A evangelização é expositiva, relacional e participativa e deve ocorrer sempre no ambiente de valorização da língua, cultura e claro desejo da comunidade local”, afirma.

Para ler a nota completa, clique aqui.

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