Por Oséas Heckert

Alimento sólido, com temas relevantes e provocadores 

Sou leitor da revista Ultimato desde os primeiros números no formato jornal/tabloide. Como meu pai (Pr. Oseas) e o fundador (Pr. Elben) eram amigos, acompanhei de perto toda a saga, desde os primórdios. Em 74, quando saí de casa para estudar em São José dos Campos, não poderia ficar sem a Ultimato. Apesar dos parcos recursos de estudante universitário, assumi o compromisso de assinar Ultimato e também Veja (na época da ditadura militar, parecia-me uma fonte relevante de informações sobre o Brasil e o mundo).

Elben teve uma ideia/sonho de manter uma publicação independente, não denominacional, visando atingir o público cristão em geral (aqui incluídos católicos romanos, apesar da revista se identificar como um veículo “evangélico”), mas também o público não cristão, almejando comunicar-lhes o Evangelho. A bem da verdade, a Ultimato é “evangélica” enquanto fundamentada no Evangelho de Jesus, independente de outras conotações que o termo “evangélico” tem recebido nos últimos tempos.

Embora nascido em Campos dos Goytacazes, identificava-se como “mineiro com cara de matuto” que percorreu várias regiões do Brasil e do mundo com sua câmera fotográfica. Sua perspicaz percepção de mundo e da atuação da Igreja, sua capacidade de análise crítica e síntese, sua habilidade para comunicar-se com simplicidade e profundidade, sua humildade e integridade, foram o esteio para o sucesso da Ultimato.

Elben teve a habilidade de mobilizar autores de primeira linha para compor o quadro de colunistas, mantendo também neste quesito o equilíbrio de apresentar várias vertentes teológicas alinhadas em um denominador comum – uma teologia cristocêntrica.

Elben teve o apoio de sua família – esposa, filhas e genros – para manter a operacionalização da revista e da publicação de livros. E também angariou apoiadores financeiros para suportar os “vales de desespero” e preservar a Editora em seus momentos de crise.

Em 2010, antecipando-se à sua “aposentadoria”, Elben me pediu para conduzir o processo sucessório na Editora Ultimato. Com temor e tremor, dispus-me a assessorá-lo, com apoio de outros consultores. Conheci as “entranhas” da Editora, uma empresa com cara de “ministério”, onde sobressai a dedicação sacrificial dos familiares e demais colaboradores. A sucessão foi implementada gradualmente, de modo que a morte do Elben (2016) não foi a morte da Ultimato. E, depois de uma década acompanhando a evolução, com alegria acompanho a 3ª geração (os netos) assumindo o protagonismo na condução da Editora.

Como consultor, encontro na maioria das empresas a necessidade de incentivar o engajamento das pessoas com a missão e a cultura da organização. Na Ultimato, isso é intrínseco – as pessoas trabalham com total alinhamento com o propósito da editora.

O legado do Elben, mais do que nos seus escritos que a revista ainda hoje publica, está presente nas pessoas. Sou grato a Deus pela vida do Elben e de sua família que mantém essa chama acesa. Sou grato a Deus pela revista que me traz alimento sólido, abordando temas relevantes e provocadores.
Embora goste visitar o site da Ultimato onde tenho acesso a uma ampla fonte de informações, ainda prefiro a experiência sensorial de ler a revista impressa, cuja leitura me absorve tanto que, normalmente, “devoro” tudo numa sentada só.

Oséas Heckert

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