Paul Freston fala sobre TP

Paul Freston fala sobre TP

Paul Freston, sociólogo, autor de livros e colunista da revista Ultimato, e Femi Adeleye, Diretor de Cooperação Eclesiástica da Visão Mundial Internacional foram alguns dos preletores da Consulta Teológica e Pastoral “Um Chamado à Humildade, à Integridade e à Simplicidade”. Eles apresentaram a Teologia da Prosperidade (TP) a partir de seus aspectos sociológico e hermenêutico.

Segundo Paul, a prosperidade não é exclusividade dos cristãos, uma vez que outras religiões em todo o mundo têm dialogado com esta linha de pensamento; nem exclusividade dos pobres, pois encontramos também a TP para os já abastados.

Ainda assim, pensando na TP no Sul Global, vemos que ela se coloca como um movimento de periferia e não tem o mesmo efeito econômico que em outros ambientes em que o trabalho duro resulta em um consumo “frugal”; antes, tem possibilitado o otimismo, a autoconfiança e novos padrões de habilidade.

O sociólogo reconhece o caminho paralelo entre a subida do protestantismo e o último estágio do capitalismo. E, em uma economia que promove cada vez mais a independência, a autoiniciativa e o automonitoramento, a TP permite ao trabalhador pontual e disciplinado, mas não valorizado, que ele mostre sua revolta e diga a Deus que não aceita sua situação.

Segundo Paul, a TP resgata a dimensão espiritual dos aspectos materiais que definem a qualidade de vida e nesse sentido, citando a teóloga Ter Haar, ela é “inteiramente lógica a partir da perspectiva holística de uma cosmovisão que não separa o material do espiritual”.

Outra característica é que, assim como toda religião tem a sua forma que atrai as massas, a TP é a forma de transformar o evangelicalismo em religião das massas, uma vez que responde, de verdade, a novas “expectativas religiosas locais”.

Levando isso em consideração, é necessário pensarmos na pergunta-chave que devemos fazer enquanto igreja evangélica: o que a popularidade da teologia da prosperidade nos diz sobre o mundo em que vivemos? Que sinais dos tempos ela aponta?

Paul Freston termina sua exposição com a proposta ousada de Teologia da Prosperidade à moda Patrística. O próprio Crisóstomo dizia que dando a Deus ele vai te recompensar muitas vezes. Quer prosperar? Dá e ele vai te recompensar. Contudo, fugindo da relação de mão dupla, isto é, dar a Deus não significa dar à minha igreja, não a mim. Mas uma relação triangular, dar a Deus é dar aos pobres. O pregador não é a parte interessada e evita o que tem sido o aspecto mais escandaloso da TP.

Esta nova proposta, segundo Paul, seria a mistura de um organismo de recompensa, mas também como uma prática socialmente benéfica e menos interesseira.

 

Palavra manipulada e Palavra mal-interpretada

Femi Adeleye

Femi Adeleye

Femi Adeleye resume sua exposição em duas importantes declarações. Primeiro, “não é necessário manipular a Palavra de Deus para ir ao encontro de Deus, ou interpretar mal a Palavra de Deus para ir ao encontro do pobre”.

Ele afirma que em sua região, Nigéria/Gana, as mãos que estão ofertando não estão apenas levando a oferta, mas plantando a semente da bênção e de riquezas em cultos com até sete momentos de coleta.

Textos como Lucas 6.38 (dar e dar-se-vos-á… boa medida, recalcada…); 3ª João 2 (prosperem em todas a coisas); Gênesis 8.22 (receber a medida que plantamos) ou Gálatas 6.7 (semear para carne, semear para o espírito) são manipulados para levar a pessoa a acreditar que a prosperidade é uma questão financeira, que Deus devolve tudo em bens materiais, que não abrir mão de um bem é semear para carne, logo é não semear para a vida eterna.

Se por um lado, a Palavra de Deus é manipulada para servir a uma teologia baseada na prosperidade, por outro lado, nossa teologia tem deixado de nos levar ao encontro do pobre. E a segunda declaração de Femi é que “há na Palavra de Deus textos suficientes para dizer sobre como devemos ir ao encontro das necessidades dos pobres”.

Vários textos bíblicos nos levam a entender que a bênção material é boa e não mal, e que Deus realmente nos dá capacidade de produzir as riquezas. No Antigo Testamento, dar é uma expressão de entrega e gratidão, é um ato de adoração. Sim, diferente da ideia de investimento para conseguir retorno, mas é verdade que Deus nos abençoa. Por outro lado, o assunto de dor e do sofrimento do pobre, normalmente, não é explorado em nossa teologia.

“Como devemos responder a este evangelho?”, pergunta Femi Adeleye, que se arrisca a uma resposta: “deixe a Igreja ser a Igreja. A Igreja deve ser um lugar em que as necessidades dos pobres são percebidas. Os que têm não devem ter demais e os que não têm devem ser ajudados nas suas necessidades básicas”.

Consulta Teológica da Aliança Evangélica: um chamado à humildade, à integridade e à simplicidade ocorreu de 3 a 5 de abril, em Atibaia (SP).

 

Registro jornalístico: Tábata Mori
Fotos: José Silvério

 

  1. Francisco Avelardo

    Ser Próspero não significa ter bens, ser rico ou ser pobre, ter um carro do ano ou ter um fusca, ser próspero é “compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus” Efésios 3:18-19. Tendo isso em mente e no coração, vamos de encontro ao próximo.
    Jesus foi extremamente próspero, mas não tinha onde reclinar a cabeça.

  2. VALDEREZ COSTA MALVEIRA

    APÓS LEITURA DOS ARTIGOS ACIMA ESCRITOS, CHEGUEI A SEGUINTE CONCLUSÃO, NENHUMA DAS OPÇÕES ENCAMINHA O PECADOR AO ARREPENDIMENTO, NEM ILUMINA-O A BUSCA DE CRISTO PARA A REMISSÃO DOS PECADOS, O SENHOR JESUS NÃO VEIO PARA TRAZER RIQUEZAS MATERIAIS PARA OS SEUS ESCOLHIDOS, COMO ELE MESMO CITOU NO EVANGELHO DE JOÃO O CAMINHO É APERTADO E ESPINHOSO.
    ENQUANTO ESTIVERMOS APEGADOS A ESTA MATÉRIA O CORPO IRA ARDER NO LOGO DE FOGO PREPARADO PARA O DIABO E SEUS ANJOS.
    NÃO TENHO MAIS NADA A COMENTAR, A NÃO SER QUE ESSAS PESSOAS (LIDERES DE IGREJAS) ESTÃO MANDANDO MILHARES PARA O INFERNO, INCLUSIVE ELES.

  3. Há um caminho espaçoso e uma porta larga, diz Jesus. Será melhor escolha? Para muita gente, quantidade é sinal de verdade. É assim que tantos dão crédito às pesquisas de opinião para tomarem decisões. Nos protegemos, mantendo Deus à distância, por isso a igreja está acuada e descaracterizada, em alguns segmentos. Em crise de identidade. Não sabe o que deve fazer nem dizer ao mundo. Lembremos as palavras de Paulo: “Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel” (1Co 4.1-12).

  4. Eliane Marize de Castro

    Concordo com os comentários feitos por Francisco Avelardo e Valderez Costa Malveira. Gostaria de pedir também que reflitam nas bençãos do Senhor para o povo de Israel e nas bençãos do Senhor para a Igreja Fiel. Esse contraste não merece reflexão?

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