Aprouve ao Criador que fôssemos capazes de decodificar o bem como belo, e que pudéssemos responder isomorficamente, por meio do dom de mímese; da imitação ou da criação. Dentre tantas outras, essas foram capacidades que ele soprou, de si mesmo, em nossas narinas. E tornamo-nos almas afetuosas, à sua imagem e semelhança.

Por causa dessas habilidades, à perfeição de Deus e de sua Criação chamamos de sublime; e ela nos arrebata de tal modo que nos transforma, sempre na direção do bem, da bondade e da perfeição. Como era, no princípio. Nomeamos essa condição de inefável, porque estamos diante do inexprimível. É quando nosso cálice transborda.

À medida em que nos apercebemos de Deus, de seu Filho e de sua Criação, somos contaminados pelo sublime, e isso resgata em nós, de algum modo, a semelhança com Adão, ou com Jesus: a nossa condição original; o paraíso perdido, do qual temos saudade.

Quando, enfim, for-nos dado mergulhar nele e, extraviados de nós mesmos, formos achados nele, seremos bons, gratos e felizes. Mais que isso, conseguiremos expressar, emocional e afetivamente, o inefável. E faremos música e arte, em comunhão, louvor e ação de graças, exteriorização peculiar que, por estar ligada ao falar com Ele, chamaremos de “ad-oração”.

E quando a dor nos chegar, porque chegará, oferecer-lhe-emos o perfume de algo que queima; o aroma da submissão de quem não compreende; o perfume do incenso. E isso parecerá aceitável ao Altíssimo. E será belo, porque será bom. Uma beleza capaz de nos salvar da ira e da separação, porque seremos inexoravelmente atraídos para ele.

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