Por Daniel Theodoro

Se você não esteve ausente do planeta Terra e nem orbitou fora da Internet nas últimas semanas, deve ter escutado falar de bitcoin, a moeda digital cujo valor monetário em 2010 não comprava uma pizza, mas hoje custa em torno de R$ 49 mil reais a unidade. Pois é, a roda da fortuna voltou a girar e parece ter escolhido o dinheiro virtual como a commodity da vez.

Como qualquer novidade, bitcoin representa, até o momento, mais incertezas do que certezas para o medroso mercado financeiro, contudo demonstra ser o atual melhor exemplo da velha manifestação humana de desejo por acúmulo de riqueza.

Só no ano de 2017, a criptomoeda – que é gerada a partir de uma cadeia de computadores e apenas por esta validada – passou por uma valorização de 1.500%!, um excesso de preço que assusta Bancos Centrais e dá sinais de que a moeda deixou de ser usada apenas para transações comerciais, adotando agora um viés mais especulativo. Analistas conservadores já dão conta de que 90% das pessoas que usam bitcoins o fazem para investir.

Se um lado da moeda é carregado de imprevisibilidade, o outro reflete uma tendência. As moedas digitais são apenas os primeiros sinais de uma grande transformação que está para ocorrer no ecossistema do mercado virtual nas próximas décadas. A transação sem mediadores (bancos), a blindagem contra má gestão de governos interventores, a segurança, e a redução da burocracia são apenas alguns exemplos dos benefícios que as bitcoins podem trazer em um futuro não tão distante. Aqui em São Paulo algumas instituições de ensino já aceitam pagamento de mensalidades com dinheiro virtual. No ano que vem, algumas redes de fast-food na Europa irão aceitar transações com bitcoins. Em algumas cidades suíças, impostos já são pagos com bitcoins.

>> Trabalho, Descanso e Dinheiro <<

Por ser um dinheiro pertencente à esfera virtual, a criptomoeda dialoga diretamente com o público jovem. Segundo dado da LendEDU, agência online de empréstimo estudantil nos EUA, 40,4% dos jovens entre 25 e 35 irão investir em bitcoins nos próximos anos. Buscarão isso talvez ambicionados pela rápida valorização da moeda nas últimas semanas, talvez motivados a entrar no grupo dos mais recentes webmilionários. No entanto, o caráter especulativo e a volatilidade da moeda podem cobrar um valor alto.

Em 5 de março de 2014, dias após o colapso da maior bolsa de moedas virtuais do mundo, a Mt. Gox, a jovem Autumn Radtke, CEO da primeira plataforma de intercâmbio de bitcoins, a First Meta, morreu aos 28 anos. Ela foi encontrada morta em seu apartamento em Singapura. Nem a família nem a empresa comentaram o episódio; já a polícia classificou o motivo da morte como causa não-natural, embora não tenha confirmado o suicídio. Em seu último post no Facebook, a jovem compartilhou um link contendo uma reportagem sobre crise de estresse e ansiedade entre jovens empresários.

>> Nem monge, nem executivo <<

Entre lamentos e euforias trazidos pelas bitcoins, o fiel da balança deve ser a Palavra de Deus. O discípulo de Jesus precisa adequar a nova tecnologia das criptomoedas ao manejo responsável dos recursos financeiros, fugindo da prática secular de acúmulo irresponsável e especulativo de riquezas. Assim, agindo como um mordomo a serviço do Reino, o cristão não estará acumulando inutilmente bitcoins em sua carteira virtual, onde vírus destroem, e onde hackers roubam valiosos algoritmos.

Daniel Theodoro, 33 anos. Cristão em reforma e presbítero na Igreja Presbiteriana Maranata de Santo André (SP). Casado com a Fernanda. Formado em Jornalismo e Letras.

  1. Parabéns Daniel, mandou super bem nesse artigo. Parabéns à Ultimato ao abrir espaço para assuntos como esse das criptomoedas. Novas tecnologias estarão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, precisamos também usá-las de forma eficiente nos campos missionários.

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