O discipulado autêntico
Semana 76: Lucas 23.13-26
Aí toda a multidão começou a gritar:— Mate esse homem! Solte Barrabás para nós! Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por assassinato. Então Pilatos, querendo soltar Jesus, falou outra vez com a multidão. Mas eles gritavam mais ainda:— Crucifica! Crucifica! — Lucas 23.18-21
Estamos diante dos últimos dois cenários que Lucas relata antes da crucificação de Jesus. O clima não poderia ser mais pesado. O Evangelho inteiro caminha para este momento:
- O anjo Gabriel já havia explicado para Maria que Jesus nasceria para ser o rei tão esperado desde o seu antepassado, Davi (1.32-33) e agora Jesus acabou de recusar, pelo seu silêncio, ser julgado pelo atual rei dos judeus, Herodes.
- E sem dúvida, o âmago da mensagem que Jesus anunciara ao longo do Evangelho era sobre a chegada do novo reino estabelecido por Deus entre as pessoas
- Isto só poderia causar atrito com os atuais governantes, especialmente a liderança religiosa e diversas vezes, ao longo do Evangelho, esta liderança procura um jeito de acabar com Jesus
- A sua virada das mesas no templo era o fim da picada e a prisão de Jesus foi planejada e bem executada
- Os discípulos, menos Pedro, somem, e Pedro também não aguenta carregar o peso de permanecer ao lado de Jesus e então, ele pula fora, fazendo de conta que não sabia de nada.
- Só faltam dois incidentes antes da crucificação em si e estes incidentes estão cheios de significância: o incidente em torno da pessoa do criminoso Barrabás, e o aparente inocente Simão que “por acaso” estava no lugar errado na hora errada, ou, de repente, no lugar certo na hora certa. Você decide!
Barrabás e Simão, dois sujeitos que carregam em si mesmos as respostas certa e errada dos discípulos que estavam ausentes. Barrabás, que evidentemente era culpado, foi literalmente salvo, livre da crucificação. Simão, um inocente, sem escolha foi obrigado a carregar a cruz de Jesus.
Mais uma vez a multidão está presente (v.13) para o último ato de degradação. Ao longo do Evangelho de Lucas, Jesus é apresentado como o Filho honrado de Deus. Agora, em um momento de suprema ironia, os líderes e a multidão gritam a favor de Barrabás, cujo nome significa “filho do pai”. Um criminoso comum troca de lugar com Jesus e assim a degradação de Jesus se completa.
Simão era um judeu de Cirene que hoje é conhecido como Trípoli, capital da Líbia. Jesus, exausto dos espancamentos, da noite de oração com gotas de sangue e tanta interrogação diante de Herodes e Pilatos, começou a carregar a parte superior da cruz, mas não aguentou. Aí, os soldados encontraram Simão, recém-chegado da sua viagem. Foi obrigado a carregar a cruz.
Que tipo de discípulo seremos: do tipo Barrabás ou do tipo Simão de Cirene? Gritamos por livramento ou carregamos a cruz de Jesus? Ora, não sejamos enganados. Ninguém carrega uma cruz voluntariamente. Simão foi obrigado e não se negou. E nós? A Bíblia diz:
Porque somos dominados pelo amor que Cristo tem por nós (o amor de Cristo nos constrange, RA), pois reconhecemos que um homem, Jesus Cristo, morreu por todos, o que quer dizer que todos tomam parte na sua morte. Ele morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas vivam para aquele que morreu e foi ressuscitado para a salvação deles.” (2 Coríntios 5.14-15).
Entendeu? Se você é discípulo de Cristo, você morreu junto com Cristo. Você carregou a sua cruz. Simão de Cirene és tu, meu querido. E para quê? Para que você não viva para si, e sim, viva para Jesus. A cruz, não o livramento, é o mais profundo paradigma da vida cristã. Paulo sabia disto. Ele falou, “quando estive com vocês, resolvi esquecer tudo, a não ser Jesus Cristo e principalmente a sua morte na cruz.” (1 Coríntios 2.2). Paulo estava com Simão de Cirene quando Simão carregou a cruz de Jesus. Em Colossenses 1.24 ele disse que completava os sofrimentos de Cristo. Pedro não estava, mas foi obrigado, como Simão de Cirene e Paulo, uma vez confrontado por Jesus quando perguntou-lhe se realmente era seu amigo. Pedro teve que carregar também a cruz e inclusive morreu, de fato, crucificado, de ponta cabeça. Não fugiu da cruz.
E tu, que desejas? Desejas realizar os teus sonhos, seguindo o teu próprio caminho atrás sempre de livramento? Ou Cristo está te constrangendo nesta hora a carregar a tua cruz e segui-lo? Ouve bem a voz de Deus no teu interior e não resiste. “Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos” (Hebreus 2.7-8, 15).