P10_28_03_16_lamparinaPor Maycon Barroco

Falar do contexto sertanejo sem lembrar-se das histórias do Lampião é algo bem difícil. A mesma coisa é falar das casas do sertão sem lembrar-se da tal da lamparina. Vivendo e crescendo com eles, tenho aprendido algumas coisas sobre o povo.

Os Sertanejos não são como o Lampião

Virgulino Ferreira da Silva, conhecido nacionalmente como Lampião “O cangaceiro mais temido da história”, para muitos foi um herói e para outros um vilão – sua história até hoje é lembrada. Lampião e seu bando tinham duas vertentes perigosas: violência (suas vítimas geralmente eram militares e mulheres) e roubos. No dia-a-dia olhamos para atitudes rudes de alguns sertanejos e falamos: “esse é Cabra-macho“! Ou então nos lembramos de imediato do tal do Lampião.

Eu sempre digo: “atrás de um Cabra-Macho há sempre um coração quebrantado!”.

Os sertanejos não são como o Lampião. As violências e roubos existentes são causados pelos vícios (na sua maioria álcool). A violência contra a mulher pode ser vista, às vezes, sem justificativas. Geralmente, quando isso ocorre, percebe-se que já existe violência no histórico familiar.

O “Cabra-Macho” chora de saudade quando seu filho vai morar em outro estado ou quando a filha entra para universidade. Ele chora de tristeza por causa da seca e do gado que morre, depois chora de alegria quando a chuva chega.

Os Sertanejos são como lamparinas acesas

A Lamparina é conhecida também como lâmpada a óleo ou até mesmo candeia. É um recipiente (de formatos variados), com um pavio fixo dentro, que serve para iluminar a casa e necessita de óleo para manter a chama acesa.

Uma vez, em uma pregação num povoado do sertão, eu disse: “vocês serão como refletores neste sertão. Irão iluminar os homens deste lugar”. Um homem, brincando, retrucou: “que diabo é isso?” (referindo-se aos refletores). Então eu disse: “vocês serão como uma lamparina que acabarão com a escuridão deste lugar”. Assim, os meus irmãos começaram a compreender o sermão.

Jesus disse: “Por acaso alguém acende uma lamparina para por debaixo de um cesto ou de uma cama? Claro que não. Para iluminar bem, ela deve ser colocada em lugar próprio”. (Marcos 4:21).

Eu vejo o sertanejo como uma lamparina que necessita dos seus cuidados, que para estar “aceso” necessita de óleo (evangelho puro e genuíno, sem mistura). Além do óleo, é necessário expô-lo da forma correta e no tempo certo, enviá-lo.

No sertão não temos uma fábrica de obreiros, no sertão estamos trabalhando para formar discípulos de Jesus, que alumiarão não somente o sertão, mas o mundo. O Sertanejo é uma lamparina, acenda-o!

Você pode ajudar a acender essas lamparinas?!

Eu vejo a necessidade de mais escolas (seminários) de preparação de novos líderes e missionários no Sertão Nordestino. Algo que seja acessível para todos, tanto no valor financeiro quanto no material pedagógico, inclusive para o Sr. Saturnino que mora numa casa de taipa lá no vilarejo do alto da serra. Eu convido a igreja brasileira a pensar sobre isso. Vamos iluminar o mundo? Então, acendamos as lamparinas do Sertão!

• Maycon Barroco, casado com Vivian e pai de Estevão – todos missionários no sertão do Piauí, na cidade de Acauã. É diretor, missionário e fundador da base do IRIS Global no Piauí, também missionário da MAIS (Missão em Apoio à Igreja Sofredora) e vice-presidente do Instituto Novo Sertão. Atualmente trabalha com outros missionários no processo de plantação de igrejas e com projetos de desenvolvimento comunitário (Saúde, Esporte, Educação, Cultura, etc.).

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