A Reserva Indígena Trocará, no Pará, conta pela primeira vez com um médico exclusivo. Localizada a 24 km ao norte do município de Tucuruí e a aproximadamente 432 km da capital Belém, a reserva está sendo atendida pelo cubano Michel Almaguer Riberón, integrante do Programa Mais Médicos.

“Para mim, é uma experiência única na vida, porque a gente só conhecia índios por literatura, por livros. É uma experiência inigualável na riqueza cultural que eu estou conhecendo”, diz Michel. Sua rotina inclui o atendimento a mais três aldeias dentro da reserva, além da principal.

O médico permanece por uma semana dentro da reserva fazendo as visitas. Ao final deste período, retorna ao município de Tucuruí, onde faz curso de especialização, resolve questões administrativas de saúde das aldeias e tira seus dias de folga, até retornar para mais uma semana dentro da reserva.

O presidente do Conselho Regional Indígena da Reserva Trocará, Waitahoa Assurini, elogiou a agilidade para marcar consultas e a facilidade de ser atendido dentro da própria comunidade. Para o cacique da aldeia, Jakamiramé Assurini, a presença do médico ajudou a diminuir os índices de mortalidade entre os indígenas através dos cuidados de saúde e acesso a remédios.

Segundo o médico cubano, os maiores problemas da comunidade indígena são anemia por déficit nutricional, parasitismos, disenteria, a falta de higiene e condições precárias de vida. Além de combater diretamente as doenças, Michel faz palestras de conscientização nas aldeias.

Michel conta que os índios são muito reservados, muito fechados ao diálogo e que no início é muito difícil conseguir a confiança deles. “Até para eu me aproximar deles era difícil no começo. Você tem que ir devagar e ter muita atenção e cuidado com eles. Mas, quando eu finquei o pé aqui nessa aldeia, senti que fui muito bem acolhido por eles, até o dia de hoje”, afirma.

O Programa Mais Médicos está presente nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Brasil, contando com 292 médicos cubanos. A previsão é de que Michel permaneça até março de 2017.

Fonte: ONU/Brasil

Imagem: OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde)