“Já existe experiência necessária para reinventar a Amazônia”, afirma reportagem da Época
Será que a imagem de uma Amazônia devastada pelo desmatamento ilegal, ocupações irregulares, pecuária clandestina, trabalho escravo, conflito de terra e desperdício de riquezas naturais, pode ser mudada? A reportagem intitulada A reinvenção da Amazônia, produzida pela revista “Época”, mostra algumas experiências que podem mudar a imagem antiga da Amazônia que ainda está no imaginário de muitos.
A situação da Amazônia é fruto de um ciclo histórico que envolve três fatores principais: a ocupação desordenada, o desmatamento ilegal e a pecuária clandestina. Reinventar a região significa criar atividades econômicas ecologicamente saudáveis, socialmente corretas e economicamente inteligentes.
No entanto, a realidade da Amazônia começou a mudar em 2008, quando o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgou a “lista suja” dos municípios com maior índice de desmatamento e proibiu todos os produtores de gado de receberem empréstimos dos bancos. Em 2009, o Greenpeace publicou o relatório “A farra do boi na Amazônia”, que denunciava como boa parte da carne que chegava à mesa da população vinha de pastos ilegais.
A partir do relatório do Greenpeace, o Ministério Público do Pará instituiu um termo de ajuste de conduta (TAC), que deveria ser assinado por frigoríficos, curtumes e redes de supermercados se comprometendo a não comprar de fornecedores de áreas que não comprovassem estar dentro da legalidade. Inicialmente o cenário foi caótico, pois desestabilizou o ciclo de produção e abastecimento de grandes supermercados, mas mexer no bolso de toda a cadeia da carne impulsionou a regularização do setor.
O município de Paragominas (PA) foi o primeiro que saiu da lista dos grandes desmatadores e adotou um novo modelo de pecuária com o projeto “Pecuária Verde”, pioneiro para a criação sustentável de gado. Com a pastagem rotacionada passaram a evitar o desmatamento de novas áreas e puderam reflorestar as degradadas sem diminuir o rebanho.
Embora a experiência de Paragominas prove que é possível modernizar a pecuária na Amazônia e mantê-la lucrativa, a reportagem conclui que a atividade na região ainda precisa melhorar bastante. Até porque muitos fazendeiros criminosos burlam a lei e há um mercado grande de abates em matadouros clandestinos. Contudo, as iniciativas como a de Paragominas e outras citadas na reportagem apontam saídas para o desenvolvimento de um modelo sustentável de pecuária, que vai refletir na qualidade da carne consumida pela população e na diminuição do desmatamento.
Com informações da revista Época