Ontem eu e uma colega da Rebusca, a Sayonara, gastamos algumas horas à noite tentando imaginar o que os jovens pensam sobre a importância da escola em suas vidas. Meu filho, 17 anos, que estava ao lado dando seus pitacos disse: “Tudo que eu precisava da escola eu consegui até o sexto ano. Daí pra frente, o que eu aprendi e valorizo, foi fora da escola!”

Pedro Gabriel Riverin Jacob - 5 anos, formando da turma jardim 2 (Creche Rebusca).

Pedro Gabriel Riverin Jacob – 5 anos, formando da turma jardim 2 (Creche Rebusca).

“Quer dizer que todo o investimento que fizemos em você, do sétimo ano até hoje, poderíamos ter colocado numa conta de poupança?”, perguntei. Sua resposta foi um sorriso enviesado. Bom, descontando os exageros inerentes ao “ser adolescente”, acho que meu filho tem uma certa razão. Será que os conhecimentos adquiridos na escola, todas as informações engolidas e processadas de volta em forma de trabalhos escolares, testes, exames finais, fizeram do meu filho uma pessoa melhor? Fizeram de mim, no meu tempo, uma pessoa melhor?

No final das contas, eu e a Sayonara, chegamos à conclusão que os jovens responderão à pergunta: “Para que serve o conhecimento adquirido na escola?” em apenas três formas:

  1. “Para nada.” Dito com o devido sarcasmo característico da idade.
  2. “Para eu ser alguém na vida.” Falando com mais ou menos convicção mas entendendo que conseguir um bom trabalho, ter uma carreira profissional bem sucedida é a promessa principal da escola.
  3. “Para me fazer uma pessoa mais preparada para a vida.” Imaginando que ser um bom cidadão, um bom marido, uma boa mãe, um bom vizinho, uma boa amiga, são os valores que a escola deveria  perseguir com todo entusiasmo.

Quando o meu filho disse, “Daí para frente, o que eu aprendi e valorizo, foi fora da escola!”, eu entendi que o que estava dizendo é que o que aprendeu nos espaços formais da escola não são coisas que ele valoriza mais. A matéria com a qual ele mais se identificava era Filosofia. E no entanto, o desinteresse dos colegas o deixava irritado. Neste sentido, dou graças a Deus pela igreja, pela UPA (União Presbiteriana de Adolescentes), pelo incentivo à leitura implícito nos grupos de convivência e estudos bíblicos, pelas visitas quinzenais à Casa de Acolhimento da cidade, pelo Clube de Leitura realizado pelos adolescentes com as crianças mais pobres da Rebusca, pela Campanha Por Uma Cultura de Paz que levou os adolescentes a vários espaços públicos com uma mensagem atual e relevante, pela ABS (Aliança Bíblica Secundarista) que ajudou o meu filho a achar um sentido para a escola como espaço de testemunho cristão.

Assim, hoje, quando vi a foto acima e vi este rostinho desconfiado, tudo isto passou pela minha mente. Sonho com uma escola na qual o principal valor seja “O bom não é ser importante mas o importante é ser bom!”

Um detalhe: hoje é o último dia de aula do meu filho!

 

Elsie B. C. Gilbert

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