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Por Elsie Gilbert

Espaço de cura? Será que a igreja tem a obrigação de curar as crianças de suas enfermidades? Temos autoridade concedida por Deus para competir com os PSFs e todo o sistema de cuidados médicos em nossas congregações? Acredito que não. Temos no entanto a obrigação de nos organizarmos como espaços nos quais a saúde é um valor pregado e vivido de forma integral porque adoramos e seguimos o Criador do universo. Ele tem prazer no nosso bem estar.

O Criador—aquele que um dia se tornou homem, habitou conosco e experimentou a condição humana–nos instruiu a pedir tudo o que precisássemos. É por isto que oramos pedindo a cura de enfermidades que desafiam a própria medicina, mas também observamos práticas saudáveis com o objetivo e manter nossa saúde, um bem precioso. Oramos pedindo para Jesus levar sobre si as nossas angústias, mas também buscamos o consolo de amigos e familiares para enfrentar nossos medos e tristezas. Ambas iniciativas protegem nossa saúde emocional. É por isto também que oramos, pedindo perdão pelos nossos pecados, mas somos instruídos a liberar o perdão ao nosso próximo quando ele nos ofende e a receber dele o perdão quando o ofendemos, porque disso depende uma vida espiritual dinâmica.

Então, uma igreja que quer se tornar um espaço de cura, precisa desenvolver estratégias para desafiar seus membros a buscar individualmente a saúde física, emocional e espiritual ao mesmo tempo em que incentiva estas três dimensões da saúde em tudo o que fazem como grupo. E quem vai se beneficiar com isto? TODOS, sem exceção, mas em especial as crianças que ali descobrem a vida!

  • Um espaço de cura prevê que alguns entre nós estão enfermos e precisam de cuidados especiais – precisamos de praticar a paciência e tolerância.
  • Um espaço de cura prevê que o incentivo à higiene mental é importante—precisamos de atividades recreativas saudáveis, que nos façam rir, mexer o corpo, comer bem, respirar um ar limpo.
  • Um espaço de cura prevê que as feridas emocionais precisam ser tratadas e que isto leva tempo e esforço—precisamos de aconselhamento em todas as suas formas. A igreja precisa se valer de mentores, grupos pequenos que nos acolha, aceite-nos como somos, e nos incentive a mudar para nos tornarmos mais parecidos com Jesus, e até, quando necessário de aconselhamento profissional.
  • Um espaço de cura prevê que as lutas pelo poder e conflitos interpessoais, embora comuns, precisam ser minimizados porque eles machucam os mais fracos—precisamos de reconciliação e exortação com relação a unidade cristã. Nada expulsa mais as crianças para o mundo do que ver os adultos brigando!

Termino esta reflexão com uma história que se desenvolveu na minha frente anos atrás:

igreja*Davi era um homem de aproximadamente 30 anos, casado, 2 filhos, e que tinha um grande problema. Ele sofria de uma doença degenerativa que já tinha chegado ao ponto de impedir seus movimentos nos membros inferiores mas não o suficiente para que ele adotasse a cadeira de rodas.

Seu colega de trabalho propôs que ele e a esposa estudassem a Bíblia juntos. E apesar do interesse, Davi não queria ir à igreja. Sua esposa começou a frequentar um grupo de oração para mulheres e ali ela confessou que o problema para Davi era a entrada da igreja que tinha alguns degraus (apenas 2) sem nenhuma barra onde ele pudesse se segurar. Davi não queria arriscar uma queda na frente de todo mundo, muito menos se arrastar para entrar na igreja.

A igreja, sabendo disso, reuniu a energia e recursos necessários para transformar a entrada da igreja em um espaço mais acessível, algo que a prefeitura já estava exigindo. Durante a reforma, a esposa contou depois que quando a família passava de carro na frente da igreja, o pai dizia, “Eles estão fazendo isto por mim!”

Em tempo a família toda passou a congregar na igreja e tanto pai como mãe foram batizados. Outras demandas surgiram na família: doença mental, gravidez de risco, dificuldades econômicas, etc. Novamente a igreja se organizou para atendê-las. Ao final de dois anos, Davi resolveu se mudar com a família de volta para sua terra natal. Ao explicar sua decisão, ele disse: “Eu vim para cá porque estava brigado com a minha família. Está na hora de nós nos reconciliarmos com eles.”

Quem ganha quando uma igreja desenvolve estratégias de cura? TODOS, mas em especial as crianças. No caso de Davi, os maiores beneficiários foram seus filhos que voltaram ao convívio dos avós, tios, primos e de ganharam uma família da fé, que dura para sempre e que é transferível, de cidade para cidade!

 

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* Davi é um nome fictício

 

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