Nestes tempos de polarização e de grande alvoroço político e social, lembro do teólogo protestante Dietrich Bonhoeffer, executado antes do final da II Guerra Mundial por ordem expressa de Adolf Hitler.
 
Vivendo os dilemas daquele tempo, Bonhoeffer viu a sociedade alemã se encaminhar para o fascismo, contra o qual resistiu ousadamente.
 
Suas cartas para os familiares foram publicadas no livro Resistência e Submissão, uma obra de valor incalculável do ponto de vista histórico, teológico e humano.
 
Numa das cartas ao seu irmão, Bonhoeffer escreve: “Como seria bom para nós dois se pudéssemos experimentar lado a lado estes dias para nos ajudarmos um ao outro. Mas por alguma razão deve ser ‘melhor’ que assim não seja, mas que cada um tenha de passá-lo sozinho. Sofro muito com o fato de não poder ajudar-te em nada — apenas pensando em ti, realmente, cada manhã e cada noite, quando leio a Bíblia, e ainda me lembro de ti durante o dia. Não precisas ter cuidados por mim, vou relativamente bem e tu até te admirarias se viesses visitar-me. Os companheiros aqui sempre afirmam — o que aliás muito me lisonjeia, como vês — que de mim ‘irradia tamanha tanquilidade’ e que sempre me mostro ‘tão alegre’ que tenho de me convencer de que as minhas experiências pessoais tão contrastantes devem resultar de alguma ilusão(o que de fato não consigo acreditar)” (Bonhoeffer, 30 abril 1944).
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