15/31 | E vimos…!
Dentre um grande número de expressões de uso popular, com sentidos que vão muito além daqueles com os quais a gramática, a etimologia e a semântica ficam à vontade, há uma que diz: “Viu agora?”
Geralmente nós a utilizamos ao final de uma explicação como sinônimo de “compreendeu”?
“Viu?”, isto é, “compreendeu?”, revela um processo de interação com o que nos cerca. Nem sempre compreendemos o que vemos e/ou ouvimos. Por vezes, vemos e ouvimos mas não conseguimos elaborar a imagem ou as palavras. Nosso cérebro e nossa psique não captam todas as nuances daquilo que nos envolve.
Por outro lado, “ver”, com o sentido de “compreender”, pode ultrapassar em muito o aspecto tátil e material do verbo. Isso acontece no evangelho de João.
No início do primeiro capítulo, o autor apresenta o Verbo como criador do universo, ao lado de Deus e sendo Deus. Ele introduz João Batista como testemunha histórica do Verbo e, de forma inusitada, afirma que a sociedade (o “mundo”) não o reconheceu, esclarecendo que alguns, no entanto, o receberam, tornando-se filhos de Deus.
Por fim, e de forma categórica, o narrador introduz uma afirmação que, situada historicamente, transcende as demais: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
Para além da ação criadora do Verbo e de sua divindade, o narrador destaca o fato histórico de sua encarnação. “O Verbo se fez carne”. – A segunda pessoa da Trindade tornou-se um de nós, se fez gente, diz ele. Mais do que isso, afirma de modo enfático que Jesus Cristo “habitou entre nós”. Ele conviveu com galileus em suas vilas e mercados, caminhou pela Samaria e foi visto por muitos, transitou pelas ruas de Jerusalém e esteve em seu Templo. E fez isso “…cheio de graça e de verdade”.
O Verbo todo poderoso, criador e Senhor de céu e terra, esteve entre os humildes e pobres, nos ensinou sobre Deus, curou nossos doentes, expulsou demônios de nossos amigos e acariciou nossas crianças, recorda o evangelista. Jesus Cristo viveu graciosamente entre os seres humanos.
Mas o evangelista vai ainda mais longe. Ele proclama em claro e bom som: “… e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Vimos. Entendemos. Compreendemos.
A graça de Jesus derramada sobre aqueles homens e mulheres os levou a concluir, a ver, que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Jesus, em seu amor, graça e misericórdia manifestou-se “glorioso” a eles.
E nós?… Vemos?… Compreendemos?
Embora Jesus não ande fisicamente entre nós, podemos testemunhar que ele habita conosco cheio de graça e de verdade? Temos visto isso?
Natal é tempo de celebrar a chegada do Filho de Deus. Jesus Cristo, gracioso, está entre nós. Como sabemos disso? O testemunho de uma vida transformada por ele confirma esse fato. A única e verdadeira resposta é: “Vemos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Ouça. Medite. Ore. Compartilhe esta bela canção: “O Verbo virou gente”. A voz é do querido Nelson Bomilcar. A canção é de autoria de Nelson Bomilcar e Guilherme Kerr Neto e faz parte da cantata Vento Livre. http://www.youtube.com/watch?v=Lyu7dX9XO8o
João Leonel