Continuo lendo meu bom e velho Frederick Buechner: Beyond Words. A certa altura, falando de arte, ele diz:

“Um velho lago silencioso, / Dentro dele pula um sapo. / Splash! Silêncio novamente”. Este é talvez o mais conhecido de todos os haikais japoneses. Nenhum outro tema poderia ser mais monótono. Nenhuma linguagem poderia ser mais sem graça. Basho, o poeta, não comenta o que descreve. Ele não deixa nenhum significado implícito, nenhuma mensagem nem metáfora. Ele simplesmente convida nossa atenção a nada mais nada menos que isso: o velho lago em sua imobilidade aquática, o mergulho pesado do sapo, o retorno gradual à imobilidade.

[…]

Desde o mais simples poema ao romance mais complexo e à peça teatral mais densa, a literatura nos pede para prestar atenção. Preste atenção ao sapo. Preste atenção ao vento leste. Preste atenção ao menino na jangada, à senhora na torre, ao velho no trem. Em suma, preste atenção ao mundo e a tudo o que nele habita e assim aprende, afinal, a prestar atenção em ti mesmo e a tudo o que habita em ti. (Frederick Buechner, Beyond Words, p. 25-6).

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