No banquete final dos demônios, Murcegão pede a palavra, dá conselhos aos aprendizes todos e propõe um brinde. Em certa altura de seu discurso ele conta uma história:

Creio que você se lembram do que aconteceu quando um certo ditador dentre os gregos (naquele tempo ostentavam o nome de tiranos) enviou um embaixador a outro ditador vizinho para pedir-lhe lições a propósito de princípios de governo. O segundo ditador conduziu, então, o referido embaixador a um campo de cereais e pôs-se ali a decepar, com seu canivete, as pontas de todas as plantas que se salientassem sobre o nível das demais. A lição era demasiado objetiva. Queria ela dizer: não permita que nenhum de seus súditos se saliente. Não deixe ninguém viver que se mostre sábio, melhor, mais famoso ou mesmo mais insinuante do que a mediocridade geral. Nivele a todos os súditos de modo que fiquem perfeitamente iguais; todos escravos, todos nada mais do que meras cifras, todos verdadeiros ‘ninguéns’. Todos iguais.

(C.S. Lewis, Cartas do Inferno, p. 216-7)

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