Esperança: três viúvas, vida amarga, tempo de colheita
SÉRIE | RUTE | Estudo 3
Texto básico: Rute 1.19-22
Textos de apoio: Deuteronômio 10.12-22
Amós 5.4-15
Mateus 6.1-21
Salmos 126
Isaías 65.17-25
Amós 9.11-15
Jeremias 50.4-9
Introdução
Essa unidade destaca dois fatos importantes. Primeiro, a impressão dos moradores de Belém sobre Noemi e o testemunho dela sobre o que tinha acontecido com sua família. Segundo, a declaração de que o Todo Poderoso tinha amargado a vida de Noemi.
Como já observamos, nas narrativas bíblicas, os nomes são muito importantes para indicar as circunstâncias da vida das pessoas. Além disso, muitas vezes as experiências de vida das pessoas eram tão profundas que, em muitos casos, a transformação de vida era tal que a pessoa mudava o seu nome a fim de refletir a nova realidade e servir de testemunho a respeito daquela transformação. Isso aconteceu com Jacó, que passou a ser chamado Israel, Abrão, que se tornou Abraão, etc. Aqui Noemi pede para ser chamada de Mara, pois representa melhor a sua realidade. Seu nome Noemi não representava mais a vida que teve em Moabe. A mudança de nome de Noemi também representa o movimento da graça para a não graça ou desgraça. O restante do relato vai nos dizer o que aconteceu com essa Mara, a mulher amarga.
Mais uma vez encontramos a declaração de que o Todo-Poderoso, o Senhor estava por trás de tudo que estava acontecendo (v. 20, 21). Essa afirmação não retrata necessariamente uma revolta, mas provê uma explicação e uma forma de superação da dificuldade. Talvez retrate a amargura de Noemi/Mara, mas também revela a crença fundamental na providência de Deus por todas as estações da vida.
Para entender o que a Bíblia fala
- Veja como Noemi descreve sua partida de Belém e seu retorno?
- Compare o v. 21 com o v. 1. Se havia fome na terra quando de lá ela partiu, a que Noemi se refere quando diz “cheia” eu parti?
- Qual é a explicação de Noemi para o seu sofrimento?
- As últimas palavras do v. 22 dizem que Noemi e Rute chegaram a Belém no tempo de colheita. Veja o contraste disso com o 1.1. Diante da sua situação, o que a colheita representa à Noemi?
- Qual é o papel de Deus (Senhor / Todo Poderoso) na vida de Noemi?
Hora de avançar
Há um paradoxo neste capítulo como um todo quando comparamos o percurso da narrativa. O capítulo começa com a fome e termina com o tempo de colheita, um movimento de escassez para abundância. Por outro lado, quanto à Noemi, começa em fartura e termina amarga, movimento de abundância para escassez. Ainda que o alimento seja uma necessidade básica do ser humano, e a fome, por causa natural ou por má distribuição da renda, precise ser combatida, não é ela o único elemento de sentido existencial ao ser humano. Se Noemi diz que partiu em fatura em meio à fome e volta vazia em meio à colheita é porque morte, solidão, abandono e pobreza também afetam a autopercepção das pessoas sobre o sentido da vida.
Além de ter clareza na percepção sobre si mesma, Noemi demonstra uma compreensão sobre sua experiência e os fatos da vida na perspectiva do Deus que realiza todas as coisas. Para Noemi, tudo que acontece vem da parte de Deus. A vida é uma dádiva de Deus e a ele pertence.
Para terminar
- Nessa época que vivemos explicamos os acontecimentos em termos de causas e efeitos naturais, humanos, econômicos, políticos etc. Qual é o benefício de olhar para os acontecimentos na perspectiva de Noemi de que o Senhor é a causa absoluta de todos os acontecimentos?
- O que significa entender que Deus está em controle de todas as coisas? Essa maneira de ver as coisas nos leva ao conformismo, apatia e alienação ou nos torna mais responsáveis, engajados e solidários?
- Quando Noemi e Rute chegam a Belém toda a população “se alvoroçou” ou “se comoveu” (v. 19). Isso sugere que foram impactados pela situação e provavelmente também se solidarizaram com elas. Qual é a reação das pessoas na igreja diante do sofrimento alheio? Como podemos nos solidarizar?
>> Autor do Estudo: Willian Lane
>> Publicado originalmente pela Rede Evangélica Nacional de Ação Social